Repórter Nordeste

O que justifica um tiro no rosto de quem sonha?

Quando a manifestação é desenvolvida da forma como aconteceu ontem em Maceió, por jovens irreverentes, protestomaceiobrincalhões e insistentemente políticos em seus gritos de ordem, não nega o puxão de orelhas dado nas gerações precocemente caducas de sonhos e causas para defender, aquelas que lhe antecedem e fogem do enfrentamento

Maceió escorria um sangue ardente, pulando e anunciando ter saído do “berço esplêndido”, do “facebook”, da acomodação de casa, para defender nas ruas o direito de ir e vir em um transporte público acessível. Defendendo o passe livre! Nossos jovens em grande número exemplificavam às categorias desunidas o quanto vale aderir em corpo e voz aos clamores coletivos.

No entanto…a intolerância, o autoritarismo, a infração…um disparo e a ferida borbulha na face de quem luta! O crime!
Aquele jovem de 16 anos poderia ser filho de qualquer família maceioense, o meu filho da mesma idade estava lá, os filhos dos meus amigos estavam lá…

Um servidor da prefeitura de Maceió perdeu o equilíbrio de maneira injustificável. Se da parte dele havia pressa em chegar, da parte dos jovens havia pressa em lutar para garantir direitos em bases democráticas.

Armado?! Não se tratava de um policial em serviço, o que dirá em sua defesa?

Esperamos rigor por parte da prefeitura de Maceió, do Conselho da Criança e do Adolescente, da justiça…

A omissão aumenta o teor criminoso de fatos tais, assim como a impunidade os reproduz.

Revolvo o passado tornado histórico, embora infame…

Um menino de 12 anos foi agredido, torturado, por guardas municipais de Matriz de Camaragibe no ano de 2007…o prefeito da época era o mesmo de agora, o senhor Marcos Paulo do Nascimento, que ao conhecer o fato tomou todas as atitudes que não deveria…

Elevou o guarda criminoso à condição de Secretário de Segurança Pública do município e garantiu assistência de advogados aos dois servidores envolvidos.

Um enredo de crimes, conivências, e omissões culminou na morte mal explicada de um jovem de 16 anos, alguns anos depois, privando meu lar da doce beleza do nosso filho Alexystaine Laurindo.

Por essa razão, nós sociedade maceioense aguardamos rigor para com o servidor público que atirou no estudante, principalmente ao utilizar veículo destinado ao serviço público na hora do delito.

Quanto à juventude, esta vai aprendendo desde cedo que Alagoas continua truculenta na prática, embora no discurso seja avançada.

E a sociedade organizada deve reunir-se em caráter solidário aos manifestantes juvenis ainda tão espontâneos e ganhar as ruas com mais ênfase, pois a fase do medo também passa.

Aplausos aos estudantes!

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