O presidente da Câmara falou sobre os kits de robótica ao Roda Viva. Falou muito, disse pouco. Apelou para a emoção, se pôs como vítima da imprensa.
É um assunto que incomoda o parlamentar. Mas não preocupa: são nulas as chances dele ser descartado pelos eleitores ou seus aliados deixarem de exibir fotos ao lado do todo-poderoso de Brasília em busca de votos para o próximo ano.
O diabo, porém, está nos detalhes.
A certa altura, Lira pôs em dúvida os trabalhos de investigação em Alagoas ao apontar que o inquérito não nasceu para investigar os kits de robótica:
“O inquérito não nasceu para investigar robótica. Nasceu para investigar Arthur Lira. Em 12 mil páginas, se você ler o inquérito, não tem um ‘A’ nem um ‘B’ juntos para fazer um ‘AB’ que trate do meu nome, que faça referências as minhas situações. Seria imprudência e loucura minha, defender e discutir orçamento estando envolvido em venda de emenda parlamentar”.
Quem teria interesse em envolver Arthur Lira nestas investigações? O Ministério Público Federal em Alagoas? A Justiça Federal?
Por que? Ou: em nome de quem?
Arthur Lira carrega uma memória tão ou mais larga que a de Renan Calheiros. E, assim como Renan, se coloca como um personagem dono de uma caixinha cheia de segredos.
Se esta caixinha abrir, é nitroglicerina pura.