Parabenizar o presidente Luiz Inácio da Silva, nosso Lula, por suas oito décadas de atuação neste mundo é tão necessário quanto manter o potencial de análise crítica sobre sua governança; reconhecer a importância política de alguém não significa ser pessoa alienada, afinal, defendemos que fã clube não deve ser montado sobre nenhum político brasileiro.
Mas jogar no esquecimento a influência do metalúrgico nordestino que transformou a fundação de um partido que nascia com propósitos trabalhistas, no coração do afã produtivista paulista, é de um teor de injustiça histórica inconcebível pela razão e memórias das conquistas dos trabalhadores brasileiros.
Lula é o DNA do Partido dos Trabalhadores.
No período de redemocratização, quando as feridas abertas pela ditadura militar ainda estavam dolorosas e purulentas, conseguimos chegar a 1989 cantando para as estrelas.
Quem viveu a luta pelo primeiro voto em Lula, como pudemos testemunhar nos entranhados do Nordeste, confirmou a força da cidadania que resistia, lutava pelo direito de cantar esperança, mesmo cerceada pelas violências tradicionais.
Todas as derrotas políticas a partir de 1989 se transformaram em adubo da vitória que viria.
Lula fez diferença desde o primeiro mandato. O país resgatou gritos que estavam contidos na garganta e sentiu a brisa do consumo básico, do acesso aos espaços negados e territórios elitizados; políticas de reparação, ações afirmativas, humanizantes; Lula aliviou a existência cruel da pobreza, que segue sendo tragédia humana calculada pelo sistema excludente.
Mas quem analisou cada momento histórico sem paixão, também viu o presidente Lula desvitalizar as organizações sociais mais críticas, cooptando toda ideia de luta para a alçada do seu governo, um erro que ainda repercute na identidade da classe trabalhadora organizada.
Enquanto gerava políticas interessantes, também se associava ao ideal liberalista, que hoje se tornou marca do seu terceiro governo, embrulhando a luta social no papel celofane do identitarismo, causando dano letal para a esquerda histórica.
Lula alimenta um movimento punitivista em plena luta pelos respiros da democracia.
Lula não avança seu olhar sobre a pobreza, para além das políticas mínimas.
Mas Lula é o melhor que o país poderia ter hoje, diante da construção de perfis políticos sobre a qual se esmerou.
Assim como nos fez cantar contra Collor, Lula nos fez chorar de alegria quando o fascismo de Jair Bolsonaro sofreu a última derrota eleitoral.
É imperfeito e merecedor de críticas severas, mas também merece ser parabenizado por todos os brasileiros, o já idoso Lula da Silva, que entre todas as contradições históricas e inspirações de lutas, completa 80 anos, sensibilizando por sua garra e presença de espírito em um dos momentos mais violentos da política opositora brasileira, sob a batuta da extrema direita com seu afã de destruição pátria.
Vida longa a Lula, o melhor presidente possível para esta hora brasileira!









