Quando uma mulher sabe o que fala, o eco inevitável incomoda sistemas assentados sob diferenças receptivas ao teor do que se diz.
A cronologia das reinvindicações ainda não foi superada. Parece até conveniente que todas as mulheres acreditem que podem simplesmente “se empoderar” como uma extensão da vontade e do investimento em acessórios e ferramentas de distinção.
Não atuando na linha do “empoderamento” nossa voz ecoa resistência precisa, na manutenção protetora do ser sensível que pulsa consciência, conhecendo o chão onde se pisa, suas inconsistências e riscos, para nunca recuar sem estratégia.
É assim que vive uma mulher que escreve no domínio masculino do pensamento feito forma, ao qual a mulher só precisa seguir, aplaudir, elogiar e louvar se vestindo de papel carbono, para viver em pretensa paz.
A alma da transformação, contudo, é livre.
O alcance das compreensões intensas não é performático.
Outros dias só serão possíveis quando as pessoas incomodadas buscarem entender por qual via o sistema lhes convenceu a sentir rejeição por esse perfil de mulher.
Enquanto a evolução política segue sua jornada sinuosa através de todos nós, espíritos ativos no mundo material, as mulheres convocadas pela natureza de luta encontrarão motivos para alimentar o legado de gênero, sem desejar poder, sem cobiçar o mesmo elemento que conduz ao equívoco misógino dos setores sociais assentados em privilégios.
Nosso poder é estar. Realizar propósitos que sobreviverão aos nossos corpos, mas servirão de exemplo e guia para aquelas meninas que ainda não nasceram.
O poder de ser.
Sendo mulher!