O papel das redes sociais nas eleições

John Martin- Correio Braziliense

Barack Obama sepultou o marketing político tradicional. E quem não entrar na dança pode sambar. Assim como John F. Kennedy, que revolucionou as campanhas eleitorais com o uso da imagem na televisão, Barack Obama fez o mesmo com a internet.

Na primeira campanha, Obama entendeu que não basta ser encontrado quando pesquisarem por seu nome, trabalho feito com muita competência pelo Google. O verdadeiro esforço é ser encontrado para os mais diversos tipos de pesquisas relevante. E, para alcançar o objetivo, foi necessária uma equipe de especialistas em otimização para mecanismos de pesquisa, que sabiam o que fazer — principalmente que até mesmo pequenos erros podem ser fatais.

Na última eleição, o site de Mitt Romney continha falhas primárias, como a falta de descrições alternativas para imagens e páginas com títulos e conteúdos duplicados, entre outros pontos. Já o site de Obama continha um total de 3.167 páginas — menos de 0,6% do total apresentava alguma mensagem de erro, por exemplo.

O site de Barack Obama recebeu, mensalmente, 6 milhões de visitas a mais do que o concorrente, curiosamente o mesmo número da diferença de votos entre o vencedor e o perdedor (Obama teve 65 milhões de votos; Mitt, 60).

Se a primeira campanha provou a importância de estar presente na web, a segunda mostrou o poder das redes sociais, com 400 atualizações de status somente na página oficial de Barack Obama no Facebook. O que resultou em mais de 4 milhões de comentários, 7 milhões de compartilhamentos e impressionantes 63 milhões de curtidas.

Mas a campanha de Barack Obama nas redes sociais pulou para o próximo nível de interação social, com união de psicologia do comportamento e com a otimização para mecanismos de pesquisa e redes sociais. Imagens otimizadas e mensagens virais tornaram as ações do canal um sucesso, como o conhecido concurso “Jante com o presidente”.

A taxa de curtidas por publicações teve crescimento em toda campanha, menos em agosto, mesmo mês em que a taxa de ataques contra o oponente foi a maior. A análise dos dados permitiu reorientar as ações nas redes sociais e também na campanha offline.

A análise de dados da campanha de Obama analisou quantidades maciças de informações e estratégias. Ações da campanha eram criadas com base nelas. Identificou-se o público-alvo desejado e foram organizados eventos e jantares de Obama junto com os maiores influenciadores. George Clooney e Sarah Jessica Parker não foram convidados por acaso para os eventos na costa oeste e leste, respectivamente.

Obama também se aventurou em canais nunca antes usados, como é o caso do AMA, da rede social Reddit, algo como uma sabatinada de perguntas com os usuários dessa rede social que não são conhecidos exatamente pela gentileza nas perguntas. Mas ele se saiu muito bem e encantou milhões de usuários com respostas simples, diretas e sinceras aos mais diversos tipos de perguntas. A reação momentânea foi ótima com a maior taxa de visitação na história dos servidores do Reddit, e as visualizações do conteúdo aumentaram de forma viral.

As conexões com os eleitores serão mantidas após a eleição, e as promessas não serão esquecidas. Serão cobradas. No entanto, existem vantagens sem precedentes. Como o congresso vai se justificar quando Obama falar para 30 milhões de seguidores no Facebook sobre uma votação de interesse nacional, que não foi realizada, devido as férias dos senadores? Compartilhamentos e críticas vão borbulhar na rede.

O jogo mudou, e as regras são diferentes. Se Obama não fosse conectado e autêntico, não conseguiria sucesso na internet nem nas campanhas. Os novos políticos não vão poder usar as redes sociais somente com o intuito de vencer eleições e depois deixá-las no esquecimento, como fez a presidente Dilma Rousseff,. Após ser eleita, nunca mais usou o twitter .

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