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O homem, a mulher, o feminismo e o espiritismo, por Kelly Saturno

A princípio, quero manifestar o meu grande entusiasmo por presenciar os primeiros conflitos que surgem a partir da tomada de consciência.


Sem malícia alguma, assisto curiosa o desenrolar das discussões que pretendem construir um espaço mais amplo para a família espírita.


Digo família, porque não há alegria possível num núcleo familiar (espírita ou não) em que haja desequilíbrio, injustiças e violência.


Vi muitas casas convidando homens para palestrar no dia da mulher, como se não houvesse excelentes palestrantes que se identificam como mulheres e que pudessem ocupar este lugar ao microfone.


Gostaria de propôr, como já fiz a um amigo querido, que utilizasse desse privilégio para dirigir-se aos homens somente.
Que os homens façam palestras feministas para outros homens. Isso sim, seria extremamente útil.


Que conversem sobre como podem tornar a vida das mulheres, em geral, um pouco menos estressante, mais justa e mais segura. Será que estariam eles dispostos a fazê-lo?


Ao contrário do que muita gente pensa, o feminismo não diminui a figura masculina. Acho que essa ideia distorcida foi criada por alguém contrário à proposta real, porque esta não o interessava.


Afinal, quem não gosta de uma mordomia imposta socialmente, que continua tendo todas as desculpas possíveis para se perpetuar?


Feminismo não quer dizer perda da feminilidade, não quer dizer que a mulher incentive o aborto ou que vá deixar de se depilar ou protestar nua nas ruas.
Essas questões são escolhas individuais e morais que nada tem a ver com o conceito.


Significa poder escolher, ter liberdade para ir e vir (de onde quiser, a hora que quiser, sem ter medo), liberdade financeira, oportunidades iguais, divisão dos trabalhos domésticos e das obrigações com os dependentes…


Contudo, a maior dificuldade que temos tido é a de transmitir esta mensagem de forma clara, sem ruídos, tanto para os homens quanto para as mulheres. Essa é uma barreira que precisamos transpôr.


Muitas novas definições estão surgindo e precisamos nos adaptar, nos instruir. Cada realidade tem uma necessidade diferente, e aprender sobre elas é fundamental.


As casas espíritas ganhariam muito mais se não se recusassem a ouvir, ao invés de insistir nos velhos hábitos equivocados que as têm esvaziado.
Tenhamos em mente, no entanto, que toda crise representa oportunidade de trabalho.

Há muito ainda que precisamos discutir e esclarecer.
Sigamos firmes.

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