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O crime de ser mulher: Brasil misógino

Manchetes suavizando aquilo que na verdade é uma demonstração real do quanto a misoginia entrou nas esferas de poder neste país pelas asas asquerosas da direita ortodoxa, chamada extrema-direita e correlatas, tratam sobre as circunstâncias absurdas de agressão aberta à mulheres que ocupam cargos institucionais em Brasília, sem abordarem na forma literal.

Dizer que a ministra Marina Silva deixou uma audiência porque senadores a atacaram e um deles disse que não a respeitava como ministra, é maquiar a verdade: ela foi vítima de violência oficial em uma das salas mais importantes do poder público nacional, na verdade, ela foi obrigada a se proteger, saindo.

Uma leva de três senadores desrespeitaram o decoro e discutiram de maneira inadequada com uma mulher Ministra do Meio Ambiente, que é muito mais do que um cargo, é um símbolo de luta com reconhecimento internacional.

Para Plínio Valério – Senador pelo PSDB representando o Amazonas, a ministra não estava no lugar dela enquanto participava de uma pauta pertinente ao cargo que ocupa no plenário do Senado Federal, porque pertence a uma estirpe política que não sabe respeitar mulher.

Além dele, Marcos Rogério do PL e Omar Oziz do PSD também protagonizaram discussões com a ministra, deixando de lado a prerrogativa dialógica de estarem ali como representantes do povo que os elegeu, que supostamente, não lhes entregou essa representatividade para ser jogada no lixo, como fizeram.

Além do aspecto administrativo, institucional, formal, o cargo político representativo no Brasil, se tornou exemplo de esbórnia interesseira de modo aberrante após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018, quando ser violento com mulheres no parlamento se tornou marca de políticos ligados ao então truculento presidente do Brasil.

A partir de então, ser mulher parlamentar no cumprimento das funções democráticas representativas tem significado verdadeiros testes de sobrevivências ao machismo violento que assenta cadeiras na Câmara dos Deputados. No caso da ministra Marina Silva, a pauta de sua pasta defensora do meio ambiente é motivo de ódio, como o próprio Plínio Valério já demonstrou em outra fala, na ocorrência de uma CPI quando declarou desejo de “enforcar” a ministra.

Como cidadãos brasileiros, mas principalmente como mulheres cidadãs, vamos assistindo o show de horrores institucionalizado diante de meras menções de repúdios emitidas pelos poderes, deixando os agressores impunes.

Se agredir mulheres em cargos de autoridade no Brasil não penaliza agressor, é porque o crime está revertido na direção da vítima. Ou seja, mulheres brasileiras comprometidas com o país, não “têm lugar” em Brasília, e estes maníacos misóginos continuarão agredindo, desrespeitando e expulsando deputadas e ministras de suas funções abertamente.

Nosso repúdio vai para o Brasil!

Não podemos fingir que este país misógino passa mãos de pena na cabeça truculenta dos políticos violadores de espaços democráticos, acostumados a promover ataques contra mulheres.

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