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O ano do Careca

Conta a lenda que, em Matriz de Camaragibe, o povo se reúne todo dia 30, do mês de dezembro, para rezar dentro de casa. É para afastar a figura do Careca, o agiota do ex-prefeito Cícero Cavalcante.

Ciço é chegado a um jogo de carteado. O povo faz fila na porta da casa dele, na rua do Rela- o point dos que tentam a sorte grande na pobre cidade do litoral norte alagoano.

O ex-prefeito é um bom perdedor. E Careca é requisitado para as horas de sufoco financeiro.

E no dia 30 de dezembro os funcionários não tinham recebido o salário. O dinheiro estava na conta do Banco do Brasil.

A dívida do Ciço era grande demais.

Impaciente, o Careca apareceu em Matriz do Camaragibe no dia 30. Cercado por carros e capangas fortemente armados, arrombou as portas da casa da rua do Rela. O povo da jogatina correu. Doda e Flávia Cavalcante- mulher e filha do Ciço- alvoroçaram-se:

– Ou levo o dinheiro ou o Ciço, sentenciou Careca.

O ex-prefeito correu para o Banco do Brasil. Sacou e entregou todo o pagamento dos funcionários.

A lenda mostra a imaginação do povo de Matriz. O Careca não existe.

Os funcionários, é verdade, não receberam os salários de dezembro. O acordo do novo prefeito Marquinhos é parcelar a dívida em 10 vezes.

Ninguém entende se foi também o Careca quem levou o dinheiro do Fapen- o fundo previdenciário da cidade. A dívida é de R$ 300 mil.

Mas, todo mundo em Matriz sabe: nem Saci nem promotor nem juiz. 2012 foi o ano do Careca.

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