Dos Estados Unidos, Marcelo Victor e Renan Filho fecharam o acordo que permite Paulo Dantas assumir o mandato de governador-tampão em abril, quando Renan deve sair do comando do Executivo para disputar a vaga de Fernando Collor ao Senado.
Tudo depende do tamanho da confiança do governador no presidente da Assembleia. E Marcelo Victor está do lado do presidente da Câmara, Arthur Lira, rival dos Calheiros.
Houve, no entanto, uma sinalização importante.
Enquanto Renan Filho e Marcelo Victor conversavam nos EUA, Renan Calheiros, do Brasil, mandou recado: desistiu de levar adiante queixa-crime contra Lira, que chamou o senador de “professor na arte de mentir e enganar”, além de outras coisas mais pessoais. Isso foi em 2018. O caso foi arquivado pela Justiça por falta de interesse de Renan em seguir com a ação.
Existem coincidências no mundo da política?
Não mesmo.
Animador de redes sociais e deputado estadual, Davi Maia é oposição aos Calheiros. Sentindo que o nome de Paulo Dantas avança entre os deputados e eles devem se empenhar pela reeleição do colega, abriu o jogo publicamente para queimar os Calheiros e, claro, Paulo Dantas.
“O Paulo Dantas deve ser o “governador tampão” com a saída de Renan Filho; isso é uma coisa muito adiantada dentro da Assembleia Legislativa. Ele deve ser o substituto do Renan Calheiros. Esse grupo que ganhou a eleição da Prefeitura da Maceió, que tem o delegado Fábio Costa, o senador Rodrigo Cunha, o prefeito JHC, deve apresentar um candidato para governador, e é justamente o senador [Rodrigo Cunha] por estar no meio do mandato e ter todas as condições de apresentar um novo projeto para Alagoas”.
Repare que Davi Maia dividiu o território eleitoral em dois lados, pôs Dantas no colo dos Calheiros, citou nomes no seu grupo politico mas não incluiu Arthur Lira.
Ora, ora…
Renan Calheiros e Arthur Lira têm algo em comum: não gostam de perder espaços e exalam política pelos poros. Os dois sabem que Rodrigo Cunha governador significa menos chances da Assembleia indicar um nome próprio para assumir o Palácio República dos Palmares e ameaça à vaga de Renan-pai ao Senado em 2026, com o prefeito de Maceió ganhando mais terreno.
Não existe o impossível entre os Calheiros e Lira. Também não há portas lacradas quando os interesses falam por si.
