BLOG

Novo atraso em Centro Pesqueiro mostra como reeleição de Rui foi um desastre

A construção do centro pesqueiro de Jaraguá ajuda a mostrar de qual lado atuam as instituições públicas alagoanas. E não é de quem mais precisa, dos mais pobres.

O centro foi erguido em cima da favela de Jaraguá, quase centenária, uma das únicas comunidades auto-sustentáveis em Maceió, por ser local de pesca.

A Justiça Federal teve pressa em executar a derrubada da favela. Porque ela ocupava terreno da marinha. Também as mansões em Riacho Doce ocupam largas áreas na praia. Mas, isso não vem ao caso.

Destruída a favela para a construção de um centro pesqueiro, não havia pressa para erguer a obra.

Ou seja: quando as instituições dizem – e repetem sempre- que a lei de ser cumprida e vale para todos, a lei nem é cumprida nem vale para todos.

Existem níveis para a execução disso.

O centro pesqueiro atravessou o mandato de Cícero Almeida, chegou à era Rui Palmeira e ainda não está funcionando.

É verdade que Rui foi obrigado a resolver os muitos impasses desta obra.

Mas, é verdade também que o prefeito de Maceió quis penalizar os pescadores. Como se existisse raiva deles por eles não serem como Rui, rico e bem sucedido nos negócios e na política.

O vereador Francisco Sales revelou que os pescadores eram obrigados a pagar mil reais em taxas para ocupar um espaço no centro.

Ora, se a obra foi erguida com dinheiro público e a favela destruída porque os turistas que desembarcavam nos transatlânticos pelo porto de Maceió não poderiam saber que a capital alagoana tinha pobres, os pescadores é quem deveriam ser indenizados. E não pagarem uma dívida construída pelas instituições públicas.

Pressionado, Rui recuou. Mas, os pescadores viram que o centro pesqueiro tem boxes pequenos demais para atender tanto quem vai receber do mar e tratar o peixe quanto para vendê-lo.

O resultado era previsto: a inauguração, marcada para este mês, foi adiada.

O prefeito não precisa resolver problemas. Ele transformou sua administração em um problema. Quem assumir a gestão a partir do ano que vem terá de encontrar soluções para uma dívida social gigantesca que inclui milhares de crianças fora da escola, mendigos sem uma chance de cidadania, poucos médicos para as tantas necessidades em postos de saúde e uma tese tola de que os cofres públicos têm de gerar lucro e não incentivos a quem está fora do mercado consumidor.

Ah, sobre as instituições que tinham pressa em derrubar a favela de Jaraguá? A lei foi cumprida. Já lavaram as mãos.

SOBRE O AUTOR

..