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Nome de Agnelo Queiroz, governador do PT, aparece em esquema de Carlinhos Cachoeira

Jornal Nacional

O chefe de gabinete do governador doDistrito Federal pediu demissão depois da denúncia de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, mostrada nessa terça-feira (10) no Jornal Nacional. E, com base em conversas gravadas, a Polícia Federal afirma que o governador Agnelo Queiroz pediu para falar diretamente com o bicheiro.

A conversa entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e um dos principais auxiliares dele, Idalberto Matias, o ‘Dadá’, foi gravada em junho de 2011. Os dois estão presos desde 29 de fevereiro.

Está escrito no resumo feito pela Polícia Federal, a que o Jornal Nacional teve acesso: Dadá diz que Zunga ligou e que o zero – um, Magrão (dá a entender, segundo o analista da PF, que é Agnelo Queiroz), quer falar com Carlinhos.

A investigação aponta que Zunga é João Carlos Feitosa, ex-subsecretário de Esportes e funcionário do governo do Distrito Federal.

DADÁ: O Zunga me ligou aqui e ‘tá’ querendo falar com você que o chefe dele lá, o zero um, Magrão, ‘tá’ querendo… Não falou o que é. Disse que ‘tá’ ligando e não ‘tá’ atendendo. Eu falei “Qual é o assunto?” Ele disse que é o Magrão. Magrão, que eu entendi, deve ser o zero-um, não é? Quer falar com você.

CACHOEIRA: Vou ligar para ele.

DADÁ: Liga para ele aí para ver o que é.
O governador Agnelo Queiroz nega ter pedido o encontro ou ter se reunido com Cachoeira: “Isso é uma fantasia absoluta. Não tem relação nenhuma. Meu governo não tem nenhum negócio em absoluto. Isso é mais uma tentativa de colocar o meu partido nessas denúncias e é mais uma tentativa frustrada“.

Essa suposta proximidade entre o grupo de Cachoeira e o governo do Distrito Federal começou a ser revelada nessa terça-feira. O Jornal Nacional mostrou com exclusividade gravações da Polícia Federal em que a quadrilha de Cachoeira fala em dar dinheiro para Cláudio Monteiro.
Ele era chefe de gabinete do governador Agnelo e pediu demissão terça-feira à noite, logo depois que a reportagem foi ao ar.

“Eu vou acionar a todos judicialmente. Pedi ao procurador que quebre o meu sigilo bancário, telefônico e fiscal, aliás, ofertei isso, essa quebra. Não quero foro privilegiado, não quero tratamento privilegiado, quero a verdade, a verdade sobre os fatos”, disse Monteiro.

A polícia suspeita que Cláudio Monteiro receberia dinheiro em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no Serviço de Limpeza Urbana. A conversa, gravada com autorização judicial, é entre ‘Dadá’ e Cláudio Abreu, então diretor da empresa Delta, que tem contrato com o governo.

CLÁUDIO ABREU: Dadá, resume. O que é para dar para ele?

DADÁ: Dá o dinheiro para o cara, meu irmão.

CLÁUDIO ABREU: Faz o seguinte, vamos dar R$ 20 mil para ele e R$ 5 mil por mês, pronto.

Em uma nova conversa, Cláudio Monteiro é citado mais uma vez. Segundo a polícia, a quadrilha estaria insatisfeita com a atuação de Cláudio e no diálogo com Marcelo Lopes, ex-assessor de Agnelo, Dadá chega a falar em suspender o pagamento de propina.

DADÁ: Ninguém ajudou. Não vai pagar nada.

MARCELLO: Entendi. Não, porque aí à noite, quando for lá no Cláudio, vou falar “Cláudio, ‘os cara’ não vão dar nada para ‘tu’”. ‘Vô’ ter que avisar ele que aqueles 1% não vão fazer esse acordo. Eu já aviso ele que ele já me deu uma insinuada agora, né?

Como o Jornal Nacional mostrou nessa terça-feira, o auxiliar do bicheiro, ‘Dadá’, gostava de dizer ao telefone: “A regra é clara, você faz, você recebe. Não fez, não vai receber”.

O ex-assessor de Agnelo Queiroz, Marcelo Lopes, disse que o nome dele está sendo usado para atingir o governador. João Carlos Feitoza, o ‘Zunga’, não foi encontrado para comentar a denúncia.

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