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No 3o dia de greve dos IMLs, população invade, quebra prédio e ameaça arrancar corpos à força

Três pessoas foram presas após quebrarem a vidraça do balcão de atendimento do Instituto Médico Legal Estácio de Lima (IML), no bairro do Prado, em Maceió, além de quebrarem mesas, cadeiras e espalharem documentos pelo chão. Os presos foram encaminhados à Central de Polícia, segundo a assessoria de imprensa da Perícia Oficial do Estado. O trânsito na região está congestionado. A polícia cercou o prédio para evitar novo tumulto.

A greve dos dois IMLs de Alagoas entra no terceiro dia neste sábado. Os 30 médicos legistas querem aumento nos salários e melhores condições de trabalho.

Fotos: Perícia Oficial

Na noite desta sexta-feira, parentes dos mortos- que esperam há dias pela liberação dos corpos- bloquearam a avenida Siqueira Campos, no bairro do Prado, em Maceió- nas proximidades do instituto- exigindo uma solução para o impasse. O diretor do IML da capital, Luiz Mansur, saiu escoltado por policiais, na sexta-feira, para não ser linchado.

Nas primeiras horas da manhã deste sábado, parentes dos mortos, revoltados, ameaçavam tocar fogo no IML e arrancar os corpos do instituto. Até que, ao meio dia, enfurecidos, eles quebraram o andar debaixo do instituto.

Em nota, o Sindicato dos Médicos de Alagoas disse que os médicos legistas não voltam mais ao trabalho no prédio-sede do IML em Maceió, por faltar estrutura.

“A própria população sofre com a falta de condições de funcionamento dos IMLs de Maceió e de Arapiraca. A falta de estrutura atrasa a liberação de corpos e a realização de exames de corpo de delito e conjunção carnal. Os parentes são obrigados a ver os corpos de seus familiares jogados no chão por falta de local para acomodá-los. Isso é um desrespeito, que aumenta ainda mais o sofrimento de quem já está ali por que perdeu alguém da família. Faltam médicos, falta material, as geladeiras vivem quebradas, a água utilizada nos exames cadavéricos é jogada na rua, corpos apodrecem no quintal do IML de Maceió”, disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Welington Galvão.

O IML de Alagoas funciona, de improviso, há 80 anos, em prédio emprestado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O prédio não tem raio X e os corpos são autopsiados com faca peixeiras e conchas de feijão. O Governo promete a construção de um novo IML, mas o novo local não tem alvará para funcionamento. A sede vai custar R$ 4,5 milhões, sem data para sair do papel.

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