Nau da trairagem, indefinições: o quadro da disputa eleitoral em Alagoas

Troca-troca de lado, nau da trairagem, desistência de candidatos e acordos fechados e desfeitos. Esse é cenário mais comum do xadrez eleitoral, que se encerra no dia 30 de junho- e pode reservar surpresas ao grupo dos senadores Fernando Collor (PTB), Renan Calheiros (PMDB) e do governador, Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Um dos primeiros acordos que corre o risco de naufragar é entre o Democratas e o PRB- do presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Galba Novaes. Extraído da disputa por Collor e Renan e, em seguida, levando uma rasteira do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que escolheu o secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral- via PMDB- para a vaga de vice- Novaes tenta um espaço entre o grupo dos palacistas do deputado estadual Jeferson Morais (DEM).

A última conversa foi na quarta-feira-20 de junho. Durou cinco horas. O vice governador José Thomáz Nonô (DEM) foi chamado para mediar o encontro. Às 15 horas, Nonô desistiu da conversa: “Estou com fome, não almocei”, disse.

Galba Novaes tentava cavar um espaço em que não fosse o vice na coligação- uma forma de não diminuir o já desgastado começo eleitoral- pós-rasteira de Lessa. Este encontro de quarta-feira foi decepcionante: passou-se a ideia de que Galba Novaes não tinha autonomia no PRB- partido chefiado pelo suplene do senador Fernando Collor, Euclydes Mello.

Um novo encontro está agendado para esta sexta-feira, 22. Novaes disse que trará sua resposta- sobre aceitar a vaga de vice. Neste mesmo dia, o governador recebe, do Instituto Vox Populi, a primeira pesquisa registrada, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), sobre a disputa à Prefeitura de Maceió, trazendo duas análises- uma qualitativa e outra quantitativa.

Enquanto o resultado não chega, as negociações correm soltas: um dos grupos já negocia cinco secretarias na futura administração; em outro, um cacique cobrou R$ 5 milhões para fechar acordo com o representantes do outro grupo. Recebeu R$ 2 milhões. Os R$ 3 milhões estão sendo cobrados. Nada é de graça na política.

Outro grupo loteia bairros de Maceió e promete uma fábula de votos a quem apoiá-lo. Tudo discretamente, longe dos olhares do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e da Polícia Federal.

O flerte

Com o cenário indefinido para todos os lados, até mesmo o prefeito Cícero Almeida (PP)- que na terça-feira, no lançamento da programação de São João na capital, ao lado de Lessa e Mosart, prometeu voto e empenho na campanha do ex-governador- flerta com o grupo do governador.

Quem faz a ponte- incentivada por Almeida- é a ex-secretária do Turismo em Maceió, Cláudia Pessôa, filiada ao PSC, hoje sob comando do ex-deputado federal (e tucano) João Caldas.

A tentativa de Almeida é emplacar o vice do deputado federal Rui Palmeira (PSDB)- ameaçando o espaço político do vereador Marcelo Palmeira (PP). “Claudia Pessôa não tem cacife político. E, nem o grupo do Collor/Renan nem o grupo do governador acreditam na palavra do prefeito”, disse um palacista.

É mais fácil que a disputa seja mesmo Palmeira/Palmeira. Ou então o PP, com Ricardo Barreto, em Arapiraca será o vice do ex-secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo (PSDB).

Só que o grupo de Lessa/Mosart descobriu a estratégia do prefeito. E para evitar que a nau da trairagem contamine a disputa, Lessa enquadrou o prefeito, que deve obedecer ao acordo.

“Não acredito em traição”, disse Lessa, na terça-feira (19), ao se falar na possível troca de lado do prefeito de Maceió.

Ponto favorável ao prefeito? As pesquisas, para consumo interno, mostram que ele tem boa popularidade, em especial na periferia.

PT do B: nanico para sempre

Há duas semanas, a deputada federal Rosinha da Adefal (PT do B) garantia: não desistiria da disputa à Prefeitura de Maceió. Era um recado a todos os grupos- da oposição à situação- que não aceitaria a vaga de vice.

Mas, o fôlego na candidatura da parlamentar federal diminui à medida que as convenções se aproximam. Quem acelera este ritmo não é ela e sim o presidene da legenda, Marco Toledo.

Na última terça-feira, durante lançamento do São João em Maceió- com o prefeito, Lessa e Mosart Amaral e todo o staff municipal- o ex-governador declarou que o PDT esperava uma composição com o PT do B.

No Palácio República dos Palmares, ninguém acredita mais que o partido de Rosinha siga as ordens do governador. E o PT do B, com uma deputada federal, ocupa o espaço que sempre teve em uma eleição: um nanico- indo para os braços de Lessa.

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