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Não escrevo para guetos

Eu não escrevo para guetos.

Não sinto o aço do desprezo de quem espera a previsibilidade da escrita.

Analiso outros ângulos e indiferente ao algoritmo da turma

identifico o olhar capital

de quem não quer que eu durma.

Sei que dormir sem sonhar

não é propósito de quem mergulha,

há um mar de esperanças em minha procura.

Não posso escrever para quem compra pares

com jargões e esgares.

O olho que enxerga reflexos solares

entende o que é miragem,

a índole refratária da imagem.

A troca de condições

que esconde ambições

não silencia vozes de trovões.

Guetos não me prendem a atenção.

O sonho comum

é a mais linda pretensão

de cada um

que se liberta dessa moderna prisão.

Sem palpites incertos

e sem repetir bordões,

nestas lutas pela vida

com incertezas e tensões,

não escrevo para gueto

nem violo ilusões.

Compromisso de análise

focada em compreensão.

Luta velha,

inimizade antiga.

Armadilha conhecida.

Minha dor é pão dormido,

sede sem água,

grito contido!

Meu amor

é arco e flecha,

entre as brechas

das feridas.

História de vida e morte.

Destino bruto e sem sorte

para mudar em amanhã.

Dentro do gueto

eu perco

a noção de ser irmã.

Fora dos muros,

sou tantas!

Tantos nomes me definem!

Nas lutas fora dos guetos

o capitalismo sangra

no liberalismo que oprime.

Minha garganta cortada

é eco de não dizeres.

 

 

 

SOBRE O AUTOR

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