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Não é notícia, é pauta: #devolvamsamapramae

Não sou de romantizar sofrimento de mulheres. Por esta razão inicio este escrito afirmando que o requinte de tortura com o qual o sistema judiciário brasileiro trata o caso de Patrícia Garcia e Sama, precisa cessar; chegar logo ao reconhecimento dos seus direitos de maternar, assim como os direitos do seu filho à maternidade – devolvendo o pequeno ao seio da mãe.

Acompanhando o caso dia após dia, principalmente pelo instagram @devolvamsamapramae o blog Livre Pensadora abraça com sororidade a luta contra esta injustiça que evoca tantas outras, sejam seculares ou contemporâneas. A tempo, corrobora com o texto que está posto naquela rede social: “Um bebê humano tem a natureza inata de estar perto do seio materno. Assim como uma semente tem a natureza inata de estar perto da mãe Terra.” E tudo o que não foi compreendido ou levado em conta sobre este debate é fruto da aculturação que alienou a sociedade de suas origens e identidades comuns.

A luta de Patrícia e Sama se transforma em muitas representações de busca por justiça a questionar um sistema que atua violando direitos, portanto, ferindo a justificativa de sua própria existência. Em seu caráter de pressuposto sabedor, o judiciário paranaense precisa de lições como esta que a mãe de Sama traz sobre maternidade/amamentação/direitos da criança? Captem a força original desta fala: “Amamentar sem apoio fácil não é. Mas sabemos que amamentar (é oferecer) o melhor alimento para o ser humano. Além da alimentação física, a amamentação; o leite materno protege contra doenças, melhora o aprendizado e desenvolvimento, beneficia o desenvolvimento cognitivo, desenvolve segurança e independência, expressão de amor e de união.”

Nossa história enquanto país e continente, está marcada por inúmeros casos de violência contra os povos originários e mulheres. Patrícia está enquadrada em ambas as situações – que em si não são ruins, e ao contrário, são maravilhosas em suas características próprias. As ações predatórias, injustas e desumanas não contam na responsabilidade das vítimas. Deste modo precisamos sempre destacar que xenofobia, etnocentrismo, machismo e misoginia devem ser denunciadas como feridas aos Direitos Humanos.

O Estado brasileiro não esconde seu afã de protagonizar subjugações, reforçar domínios e banalizar direitos. A estrutura monárquica das cortes mantidas no cerne de um dos poderes fundamentais à democracia, tem guardado em seus baús de sentenças os arcaicos motivadores separatistas que norteiam valores e sistemas de crenças. Nós precisamos por isso mesmo, defender o sistema judiciário! Nós precisamos pela mesma razão, criticar o sistema judiciário! Nós queremos um judiciário que atue com Justiça! Que tenha a capacidade de perceber o quanto “é triste, lamentável, cruel, violento, torturante, inatural tanto para a mãe como para a cria, violentar e arrancar-lhe de forma tão abrupta e traumática o direito humano fundamental à lactância materna.”

Diante da enorme sombra formal e dita legal que afeta os seus dias, Patrícia é uma resistente armada de amor! Muito amor materno e  também possuidora de argumentos formais, embasados  e respaldados, mas que estão sendo deixados de lado. Ao fazer isso o judiciário está favorecendo aos interesses do pai, que pune Patrícia com requintes de crueldade ao afastá-la do bebê sob acusações que não se sustentam mas encontraram guarida em uma determinação que precisa ser derrubada e corrigida em seus efeitos traumáticos

Patrícia é uma mulher encantadora, que traduz uma riqueza equidistante dos parâmetros de consumo e combustão da vida que predominam na sociedade que a pune. Mas sua poesia de luta ecoa e chega em todos os cantos do Brasil, quiçá de toda nossa América, o ruflar dos seus desejos que em uníssono com os de todos nós clama para que #devolvamsamapramae!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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