O que o capitalismo fez com a esperança?
Tenho evitado reproduzir manifestações de pensamentos que generalizam a responsabilidade sobre as ocorrências mundanas de cunho negativo, como guerras, queimadas, eventos climáticos em crises e outras mais.
Coisa do tipo: O que fizemos com a esperança? É frase que não costumo emplacar nem mesmo reproduzir em redes sociais, pois é preciso referendar o território correto das múltiplas construções e manutenção do caos.
O capitalismo é o responsável enquanto sistema e modo de produção dessa forma de vida econômica que passou a guiar os segundos na esfera global. E os seus representantes no mundo, são os braços e as pernas que movem suas intenções e projetos, atropelando o bom senso humano que vez por outra ressurge como catalisador de alguma forma de esperança.
Individualizar as responsabilidades é tão inútil quando injusto.
Lembremos que a massificação do comportamento, da representação humana sob o servilismo do consumo e do esvaziamento que entretém, não é uma simples escolha dos moradores da esquina.
Aquilo que Marx apontou como superestrutura desempenhou o papel com maestria. Todas as performances dessa era digitalizada são ideológicas, reafirmam validações e normalidades.
O capitalismo está sufocando a esperança e promovendo a depressão, a descrença, o individualismo, a opacidade da alma pela ausência de elementos poéticos, artísticos e libertários, nos quatro cantos das casas, dos apartamentos, das mentes.
O sistema político partidário é uma rede muito fortalecida de sufocamento da humanidade. Focada em distribuir apelos mercadológicos e especializada em submeter a vida aos interesses do poder. Poder para subjugar as necessidades da vida planetária aos caprichos dos super-ricos que poluem a Terra com suas arrogâncias e egoísmos supremos.
Desafiar estes paradigmas montados com violência sobre a fragilidade corporal e mental das multidões, é o único recurso que nos resta, e o tempo não caminha para trás, portanto, teremos que seguir sem considerar recuar.
Falar sobre esperança é um risco que vale a pena correr, porque nunca antes foi tão necessário não desistirmos de sermos humanos.
Fortaleça algum cordão. Crie espaços para cantarolar. Aprecie a diversidade das cores. Recite poemas. Remende retalhos, cole cacos. Cultive um pé de manjericão. Leia escritores que lhe falem ao coração. Deixe a beleza segurar a sua mão. Não desista de ser cidadão.