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Mulheres são as mais afetadas pelo desemprego no Brasil

R7

As mulheres fecharam 2015 como as mais afetadas pelo aumento do desemprego no Brasil, as informações foram divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A última PNAD (Pesquisa Nacional de Domicílios) apontou que 4,6 milhões de brasileiras estão desempregadas, o que representa 52% do total de desocupados no País. Os números são referentes aos meses de julho a setembro de 2015.

A professora Carmen Miguele, da FGV/EBAPE, relata que o desemprego maior entre as mulheres se deve ao fato dos empresários, na maioria das vezes, pensarem a curto prazo.

— Pensam sempre em como reduzir custos e nunca em gerar valor. Como as mulheres têm mais chance de sair licença maternidade e têm que equilibrar a jornada dupla, na hora de um aperto ou crise econômica as empresas preferem demitir mulheres.

Miguele também relata que o desemprego feminino tem que ser olhado dentro de um espectro maior.

— A miséria no mundo tem gênero, quase 90% dos miseráveis no mundo são mulheres e crianças com menos de 10 anos dependentes dessas mulheres.

A professora da PUC-SP, Rosa Maria Marques, explica que o desemprego maior entre pessoas do gênero feminino em crises econômicas é um fenômeno histórico que já foi registrado na década de 70 durante uma crise que travou o ritmo de desenvolvimento de países industrializados.

 — O desemprego vai reaparecer no cenário internacional nos anos 70 durante a crise [do petróleo entre 1973 e 1979]. Quando o desemprego ocorre esse fenonômeno aparece e os primeiros a serem demitidos na Europa foram mulheres e pessoas com pouca experiência.

O Brasil está em 85º lugar no ranking que mede o nível de igualdade de gênero desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial. Quando o tema é igualdade de salário em cargos similares, o País aparece em 133º lugar.

De acordo com os dados divulgados na mesma PNAD, as mulheres brasileiras recebem em média R$ 1.539 enquanto os homens ganham R$ 2.044. Para a Carmen Miguele, o problema da diferença de salários é porque as mulheres ocupam postos mais baixos no mercado de trabalho.

— A massa salarial feminina é menor porque as mulheres não têm acesso as melhores posições. Isso significa que você tem um viés discriminatório já no acesso [ao mercado de trabalho].

Outro fato destacado pela professora da FGV é de que mesmo as mulheres que ocupam cargos maiores conseguiram isso, na maioria das vezes, explorando outras mulheres de classes sociais mais baixas.

— As poucas mulheres do Brasil que conseguem chegar ao topo [do mercado de trabalho] é porque elas já saíram de uma posição de vantagem. São de uma minoria mais rica que consegue contratar babás e empregadas para conseguir competir no mercado num nível de mais igualdade.

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