Mulheres Parlamentares do P-20 sob influência da ‘política moderada’

No segundo dia do encontro das Mulheres Parlamentares do P 20, é possível perceber a influência de uma energia política moderadora, que emerge a favorecer os ventos da manutenção, embora a brisa discursiva trabalhe uma imagética politicamente correta, em agrado a uma parca mas necessária ideia de civilidade.

O mundo estremece sobre os arroubos das manifestações políticas extremistas. Mulheres parlamentares também tomam lados no cenário do poder, por esta razão, não existe uma promessa real de avanço na política pelo simples fato de organizar uma reunião global com perfil de gênero.

No entanto, entre avanços e retrocessos, é possível garimpar valores.

Acreditar que a experiência de troca possa exercer influência de potencial transformador.

A participação da mexicana Marcela Guerra Castillo pode ser considerada fundamental, quando trouxe relatos sobre o processo que permitiu ao seu país eleger a primeira mulher presidente.

Assim como na maioria dos países, o México também teve seu atraso na oficialização do voto feminino, e a implementação de cotas para garantir paridade, não veio sem conflito, insistência, paixão e até mesmo eventos violentos, pois o patriarcalismo, machismo e autoritarismo na política, são efeitos do domínio do capital sobre os homens, para que estes dominem os corpos e mentes das mulheres, encaixando em patamares de utilidades reprodutivas e reprodutoras.

Se o México mostra sua conquista de 40% na obrigatoriedade das cotas femininas como resultado de inúmeras negociações nos nichos políticos partidários, países como Estados Unidos, China, Itália, afinam o louvor da participação da mulher em políticas de retórica genérica.

O México relata decisões polêmicas em reformas que consideram a pessoa agressora inapta para ocupar cargos públicos, enquanto outros países, através das vozes de mulheres, não agregam atos políticos efetivos às palavras de conveniência sobre as questões sociais de interesse de gênero.

O processo é verdadeiramente complexo, envolve interesses de todos os graus, com preponderância do econômico, mas por certo, a voz do México traduz uma assertiva importante de frisar: “Paridade não é apenas conquistar cargos, mas o que fazemos com estes cargos em benefício das demais mulheres”.

O Brasil tem aproveitado os espaços de paridade nos territórios de poder para fortalecer as lutas das mulheres, ou assistimos as políticas antigas ocuparem estes espaços através de parlamentares, que agem como se fossem homens?

Seguimos a analisar.

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