Há cerca de 30 anos, a incidência de câncer de pulmão era quatro vezes maior no sexo masculino que no feminino. Após a 2ª Guerra Mundial, as mulheres desenvolveram o hábito de fumar e aí começaram a apresentar patologias até então quase exclusivas do sexo oposto. Assim, doenças como o carcinoma de pulmão, a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), o infarto do miocárdio, o derrame cerebral entre outras, começaram a ser cada vez mais diagnosticadas em mulheres. Surpreendentemente, nos dias atuais, elas têm tanto câncer de pulmão quanto os homens.
Em 2011, segundo o Registro Hospitalar de Câncer do Ministério da Saúde, foram diagnosticados em Alagoas 93 casos novos de carcinoma brônquico, dos quais 45 eram mulheres e 48 homens, com uma nítida predominância em pessoas com idade entre 45 e 69 anos.
Por outro lado, a estimativa de novos casos neste mesmo ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), era de 180 pacientes. Isso mostra que foram diagnosticados apenas a metade dos pacientes previstos. “Os demais sequer tiveram a chance de entrar em algum regi-me terapêutico por falta de diagnóstico, certamente morrendo à míngua sem qualquer chance de um tratamento digno”, lamenta o cirurgião torácico Artur Gomes Neto.
O fumo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, 5% pelo simples convívio com fumantes e o restante de outras causas, tais como a poluição ambiental. “Os efeitos da fumaça do cigarro nos pulmões são duradouros. Se todos tabagistas deixassem de fumar hoje, o aparecimento de novos pacientes com câncer no pulmão não reduziria nos próximos 20 anos”, destaca o especialista.
Câncer de pulmão
O carcinoma brônquico é silencioso, traiçoeiro, não mostra suas garras mortais no início da doença, fase em que pode ser facilmente curável. Cerca de 70% dos casos em estágio precoce podem ser curados com a cirurgia, enquanto que menos de 1% estarão vivos em cinco anos nos estágios tardios.
“Infelizmente, quase a totalidade dos pacientes (80%) que recorrem ao Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica da Santa Casa de Maceió chegam ao consultório com a doença em estágio avançado, onde a cirurgia – único método que pode garantir a cura – não pode ser realizada”, afirmam os cirurgiões torácicos Artur, Frederico e Wander.
Convite
“Em maio, mês em que foi instituído o Dia Mundial Sem Tabaco (31) – a Santa Casa de Maceió conclama a todos os fumantes para que reflitam sobre os males desse mal terrível que é fumar. Nós faremos parte dessa reflexão durante todo o mês, sempre aos domingos, com uma série de reportagens sobre o flagelo do tabagismo. Já temos câncer demais!”, desabafa Artur Gomes Neto.
Dicas para você deixar de fumar
Parar de fumar não é uma tarefa fácil mas é possível. Veja as dicas do Instituto Nacional de Câncer:
Data especial: escolha uma da-ta para ser o seu primeiro dia sem cigarro. Faça dele uma ocasião especial.
Parada imediata: essa deve ser sempre a primeira opção. Você deixa de fumar de uma só vez.
Parada gradual: você pode usar esse método de duas maneiras: Reduzindo o número de cigarros gradualmente no prazo de duas semanas e adiando a hora em que fuma o primeiro cigarro do dia.
Baixos teores: Fumar cigarro de baixos teores não é uma alternativa. Eles fazem tanto mal à saúde quanto os outros cigarros.
Abstinência: sintomas da falta da nicotina somem em duas se-manas.
Macetes: se sentir muita vontade de fumar você poderá chupar gelo, escovar os dentes a toda hora, beber água gelada ou comer uma fruta. Mantenha as mãos ocupadas com um elástico, pedaço de papel, rabisque alguma coisa ou manuseie objetos pequenos. Não fique parado distraia sua atenção. A vontade de fumar dura poucos minutos. Mais dicas: www.estadao.com.br/saúde.
Mitos defendidos pelos fumantes
Nunca vai acontecer comigo
(O câncer é democrático. Não distingue suas vítimas)
Eu não sou viciado
(Os fumantes não conseguem largar o cigarro um dia sequer)
Paro de fumar quando quero
(Nem sempre a mente consegue controlar o vício)
Meu parente era fumante e não teve nada
(Cada organismo reage de uma forma ao tabaco)
Confira o seu grau de dependência de nicotina
O Teste de Fagerström para Dependência de Nicotina (FTND pela sigla em inglês) tem o objetivo de estimar a intensidade do vício do fumante. O FTND foi desenvolvido e introduzido pelo médico dinamarquês Karl Fagerström em 1974. O teste consiste em um questionário de seis perguntas de escolha simples que pode ser feito abaixo. Para cada alternativa das questões do teste, existe uma pontuação. A soma dos pontos permitirá a avaliação do seu grau de dependência de nicotina.
As informações são da assessoria de imprensa da Santa Casa