Há um ano atrás estive no Sindicato dos Bancários a convite do Sindjornal como palestrante, entre outras mulheres de fibra alagoanas! Um feliz encontro entre gêneros e militâncias diversificadas.
Na ocasião eu debulhava quatro meses de luto pela retirada brutal de meu filho Alexystaine do convívio amoroso do lar.
Recebi o abraço fraterno da militante da Marcha das Mulheres, nossa companheira Zezé, que lamentavelmente, hoje debulha o luto sentido por seu filho Thiago, retirado do aconchego do lar com violência infame, na mesma idade do meu.
Até onde irá esse rosário de lágrimas, bem abaixo do nosso nariz?
Esperaremos todos que essa tragédia entre na vida da gente, para reagir?
Espero que o Movimento de Mulheres em Alagoas consiga levantar a bandeira das mães sem filhos, denunciar o extermínio juvenil e a omissão culposa do Estado!
Nós, mulheres feridas de morte, com a dor da impunidade cravada no peito, respirando aos custos altos da fé, merecemos ser tema dessa luta!
Enquanto não superarmos as altas barreiras que a violência ergue a cada dia em Alagoas, seremos mulheres constrangidas ao sepultamento dos nossos rebentos, os brotos mais tenros despencados arbitrariamente da haste!
Enquanto o Estado e a imprensa massificam o discurso da morte por drogadição, obscurecendo as reponsabilidades não cumpridas e as políticas de extermínio de negros e pobres, somos nós, as mães, quem temos a justa força da denúncia!
A contracultura, o contravalor, estão na alçada da dor imensa que nos apossou dos lares, onde antes havia um sorriso sonoro de um menino, e hoje, seus brinquedos silenciosos.
Somos milhares nessa condição!
Basta de omissão, não queremos enterrar nossos filhos! Por essa razão, essa semana é de luta pelo direito de ver os filhos vivos.
Uma resposta
As vezes me pego pensando de o porquê enfrentamos num Estado tão pequeno, tamanha brutalidade que são as drogas… a quem se faz benefíciário a letargia do poder político no combate a esse mal? Quem são os carrascos dessa já tão doente sociedade alagoana, brutalizada e ignorante de si? Nenhuma mãe… nenhum pai deveria sentir a dor do extinguir da vida de seu filho… isso não é natural! É contra a lei da vida! Mas, mesmo sentindo na pele a quase perda da vida dos seus… eles simplesmente viram o rosto para némros estatísticos, quando o deveriam fazer era agir de forma veemente para proteger até mesmo uma única vida!
Desumanos é o que eles são!
Monstros é o que eles são!
E nós ainda os alimentamos com nossa ignorância ao dizer “roubam mais fazem”… fazem o que?