Repórter Nordeste

Mulher: uma rara presença na política de Pernambuco e Paraíba

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A rara presença de mulheres eleitas deputadas federais no estado, três apenas em toda a história, soma-se a um levantamento feito pela reportagem do Diario que constata a distância da mulher pernambucana do poder. Verificando os mais altos cargos do Executivo e do Legislativo, desde 1985, observa-se que somente Pernambuco e a Paraíba jamais tiveram uma pessoa do sexo feminino ao menos governando o estado ou comandando a prefeitura da capital local ou com um assento no Senado Federal. Cenário que contrasta com o de outros dois estados nordestinos, Maranhão e Rio Grande do Norte, que já presenciaram mulheres ocupando esses três postos – Roraima completa a lista nessa tríade do poder no país.

O resultado desse levantamento não chega a surpreender a cientista política Cristina Buarque. Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e coordenadora do projeto Mulher e democracia, lançado na década passada, vem observando essas barreiras à inserção feminina no estado há anos e não impõe exclusivamente a culpa desse cenário ao machismo que parece se perpetuar na política local ao longo das décadas.

“Essa conclusão que vocês chegaram nesse levantamento é o retrato da situação local. É inegável que o machismo ainda é muito forte no nosso estado. Mas é necessário reformar a posição dos movimentos de mulheres. Somente em 2003, com o projeto Mulher e democracia, começamos a discutir a necessidade de presença feminina na democracia representativa. É preciso se misturar, ainda há muita reticência daquelas que lideram esses tipos de movimento em se colocar como uma alternativa na política institucionalizada. Precisamos reavivar projetos que instigam essa participação feminina”, argumenta Cristina, que foi secretária estadual da Mulher de 2007 até agosto do ano passado, que ainda fez um alerta.

“A Paraíba, que está nessa mesma situação que Pernambuco nesse levantamento de vocês, elege muito mais vereadoras do que nós. Pernambuco é com certeza um dos piores estados do Brasil em inserção da mulher na política e puxa o país para baixo quando vai compará-lo com outros”, afirma Cristina. “Infelizmente, quando uma mulher se candidata muitas vezes vão logo atrás da vida privada dela, saber se é casada, separada, o que fez e o que não fez. Tentam expô-la. Isso amedronta a mulher a concorrer a um cargo político. O nosso machismo no Nordeste é no sentido de desmoralizar a figura feminina”, completa.

Fonte: Diário de Pernambuco

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