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Mulher na poética insubmissa

Escrever é meu ato insubmisso nesta hora caluniosa e misógina, quando a mulher é alvo de cinismo institucional no meu país.

Porque duas mãos e um teclado multiplicam poesia, e salvaguardam a alegria de sinalizar a rota das estrelas e suas poeiras cósmicas, restos de luz no céu.

Muitas estrelas na terra, mulheres de inferno astral e espaço multidimensional para quebrar correntes e enfeitar de sensualidade a palavra que cai.

Quando eles enlouquecem e abrem as gargantas eu escrevo mais! Na ponta do nariz desenho o foco desta luta, e uma joaninha guarda os segredos das coisas múltiplas, como as sábias mulheres que aliviam medos.

Não será na solidão das conveniências que tomaremos o chá. Nossos tantos gostos derramam desobediência para conhecerem o gozo de ter um corpo.

Somos multidões nos olhos de quem ama a luz sutil e as vibrações das cores fortes. Escrever pode preencher não-ditos seculares nesta armadura de santa que incomoda a alegria.

Intelecto desperto, e sermos mulheres ganha gosto de frutas levedadas; a certeza de desagradar bocas amargas.

De subversividade ao espanto da gloriosa paciência, seremos mulheres de ciência, deixando gavetas e armários destroçados.

Indefinidas, estaremos na melhor forma. O saber que orna nossos gestos é não desiludir da própria beleza, firmeza, na incerta manhã que a noite nos trará.

Agora tudo é menos importante do que continuar.

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