Mortos podem estar recebendo salário na Câmara, diz vereador

O vereador e 1º secretário da Câmara, Kelman Vieira (PMDB), desconfia que funcionários mortos do Legislativo Municipal estejam recebendo salários todos os meses. E vai cobrar a instalação de processo administrativo contra os responsáveis pela autorização de pagamento.

Ele quer uma auditoria na Casa de Mário Guimarães. Segundo ele, pelo menos uma pessoa está recebendo dinheiro, mas não saca da conta bancária. “Mas, os tributos são cobrados”, disse.

De acordo com ele, os “problemas administrativos”- como chama- não precisariam chegar ao plenário- como aconteceu na sessão desta quinta-feira (14), quando falou do assunto publicamente, mirando no presidente da Casa, Chico Filho (PP).

Seguiu conselho da vereadora Heloísa Helena (PSOL).

“Como a Heloísa diz, os problemas administrativos têm de ser levados a plenário. E os problemas estão sendo levados a plenário. Não deveria ser assim”.

Nas contas dele, a Câmara tem 260 servidores efetivos. A Mesa diz que publica nesta sexta-feira (15) a lista de todos estes funcionários. “Não tem nada do que esconder”, disse.

Há três problemas, segundo: primeiro, distorções salariais.

“O problema é que a gente precisa saber é que pode ter havido distorções nestes anos, de aumentos sem amparo legal. Ouvimos de servidores, uma pessoa diz que um ganha mais que o outro, no mesmo cargo. Um ganha mil reais e o outro três mil, por exemplo”.

Segundo, ele não sabe quem são estes servidores:

“Não é caça às bruxas, não estou perseguindo os servidores”.

Terceiro: a quantidade de servidores e a falta de espaço.

“Todos não trabalham, não têm espaço”.

As declarações foram dadas ao Repórter Alagoas e à rádio Jovem Pan, no gabinete do vereador, às 11h29 desta quinta-feira (14). Antes, em discurso, ele ameaçou deixar a 1ª secretaria por não saber quem são os servidores da Casa. E não aceitar o aumento do duodécimo- os gastos do Legislativo.

“O grupo dos sete não comunga com alguns entendimentos da Mesa, só para citar um exemplo, enquanto nós sete achamos que o duodécimo não deve aumentar para R$ 50 milhões, tem que se cortar na própria carne, trabalhar com o que se está hoje. Se é para fazer as adequações, têm de se cortar na própria carne”, disse.

“A sociedade não vai entender como a gente defende aumento do duodécimo e o presidente passado [Galba Novaes] devolvia dinheiro. Eu sei, como 1º secretário, que os aumentos que foram dados não temos uma folga no duodécimo, mas se for para cortar temos de cortar. Renan Calheiros fez isso como presidente do Senado, todos os administradores trabalham com a realidade de corte de duodécimo”, continua.

Segundo ele, a defesa do corte é antiga: “Eu defendi desde a primeira discussão. Pode perguntar. Não estou sendo demagogo”.

Ele admite que a Câmara da capital alagoana tem dois grupos: um do presidente da Câmara. O outro, formado por sete vereadores, que elegeram Kelman como líder.

O grupo dos sete é formado por: Dudu Ronalsa (PSDB), Antônio Holanda (PMDB), Wilson Júnior (PDT), Galba Neto (PMDB), Eduardo Canuto (PV) e Simone Andrade (PTB).

“O grupo hoje é claro: diz que na Mesa [Diretora] só confia em mim. Não queremos fazer uma disputa. São pessoas- a maioria no primeiro mandato. Não estamos fazendo oposição ao presidente. Às vezes, o sistema presidencialista leva a isso. O presidente toma medidas e o grupo queria ser ouvido”, explica.

Questionado sobre o presidente da Casa, elogia e critica:

“Chico Filho tem boas intenções. Tem seus erros. Deveria respeitar mais as atribuições da 1ª secretaria. Anuncia medidas sem passar por mim, não me sinto satisfeito quando anuncia medida sem me ouvir, sem ouvir o grupo. É um presidente democrático, mas estas coisas tem de ser discutidas”.

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