Repórter Nordeste

Mortes por armas de fogo crescem 100% em Alagoas

manifestantes velaco
Há um ano, manifestantes fizeram ‘velaço’ na orla de Maceió contra violência; situação pouco mudou

 

Wagner Lima- Especial para o Repórter Alagoas

Vestindo, em sua maioria, roupas pretas, as/os manifestantes, portanto velas acesas, saíram em “marcha fúnebre” da Praia de 7 Coqueiros até a Praia de Jatiúca, chamando a atenção de turistas e da população em geral, para o aumento assustador dos casos de assassinatos, assaltos, roubos, estupros e de avanço do tráfico de drogas. Mais de 800 vítimas até o mês de maio do ano passado em Alagoas.

Manifestantes saíram naquela quinta-feira 23 de maio de 2014 à noite, em defesa da paz, de vidas humanas, pedindo seus direitos e a garantia constitucional por mais segurança pública para a população alagoana, devido aos altos índices de violência e mortalidade, e que ainda hoje perdura drasticamente como um dos estados mais violentos do Brasil, sem solução concreta contra esse problema social, que continua a deriva no mar.

Cada vela acesa durante o protesto, significava um homicídio. No período de janeiro a maio de 2014, 827 pessoas foram assassinadas no estado. Para termos uma ideia em números nesse período foram 165,4 mortes por mês, sendo quase seis por dia.

Dados atuais da Secretaria Estadual de Defesa Social (SEDES), 530 homicídios por Arma de Fogo (AF) já foram registrados nesses cinco primeiros meses de 2015, e a estimativa é que o mês de maio feche com 95 mortes no mês.

MAPA DA VIOLÊNCIA BRASILEIRA

Segundo o mapa da violência no Brasil 2015 divulgado pela Secretária Nacional de Juventude (SNJ), Mortes Matadas por Armas de Fogo, os dados indicam que essas políticas, se conseguiram sofrear a tendência do crescimento acelerado da mortalidade por armas de fogo imperante no país, não foram constantes ao longo do tempo, sofreram interrupções, abandonos e retomadas, nem foram complementadas com outras estratégias e reformas necessárias para reverter o processo e fazer os números regredirem.

Entre os jovens, o crescimento da mortalidade por AF foi mais intenso ainda. Se no conjunto da população os números cresceram 387% ao longo década 2002/2012, entre os jovens esse crescimento foi de 463,6%. Também os homicídios jovens cresceram de forma mais pesada: na população como um todo foi de 556,6%, mas entre os jovens o aumento foi de 655,6%.

A taxa de mortalidade por AF entre os jovens das capitais, de 72,5 óbitos por cada 100 mil jovens em 2012 mais que duplica em relação à taxa do conjunto da população das capitais, que nesse ano foi de 31,2 mortes por 100 mil habitantes, claro indicador dos níveis imperantes de vitimização juvenil nas capitais.

Velas acesas contra crimes: manifestação contra Governo

NORDESTE

No Nordeste, a maior parte das UFs apresenta elevados índices de crescimento, com destaque para o Ceará e o Maranhão, cujo número de vítimas por AF quadruplicou na década. Rio Grande do Norte mais que triplicou, Bahia, Paraíba, Piauí e Alagoas com 35,8 homicídios por 100 mil habitantes, contribui para esse elevado índice de homicídio, mostram taxas de crescimento acima de 100%, isto é, mais que duplicando seu número de vítimas por AF. O único estado da região Nordeste a evidenciar queda nos números foi Pernambuco: saldo negativo de 33,4%.

ESTOPIM

A morte do médico José Alfredo Vasco Tenório de 67 anos, assassinado em 2013 com um tiro nas costas, enquanto pedalava no Corredor Vera Arruda, no bairro Stella Maris, foi o estopim para o pedido de ajuda federal. Dois dias após o assassinato, em maio, uma multidão saiu às ruas pedindo paz em Alagoas. O Estado recorreu ao Ministério da Justiça. Um mês depois foi lançado o Brasil Mais Seguro, com o objetivo de conter os homicídios.

“Outras formas de ações sociais [para combater a violência], que só o Estado pode fazer, não estão acontecendo”, diz a socióloga Ruth Vasconcelos, da Universidade Federal de Alagoas.“

VELAÇO

O movimento Velaço, surgiu devido a insatisfação de insegurança da população alagoana, nas campanhas de propagandas enganosas do governo Theo Vilela, divulgadas nos meios de comunicação, mostrando uma vela sendo apagada, simbolizando a diminuição das mortes no estado; O que não aconteceu, só aumentou.

O tiro saiu pela culatra, e a população revoltada, deu sua resposta ao governo de forma pacifica, protestando naquela noite de 23 de maio de 2014.

Mortes por armas de fogo crescem 100%
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