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Milionária e dona de prefeituras, família Pereira quer eleger 1a governadora

A família Pereira está no poder há décadas em Alagoas mas parece ter cansado da micropolítica.

Seus objetivos são gigantescos e eles montam uma candidatura da deputada estadual Jó Pereira (MDB) ao Governo, vice ou até mesmo Senado.

Com dezenas de cargos preenchidos por indicação política somente na máquina estadual, os Pereira cutucam o governador Renan Filho (MDB) com vara curta. Enquanto o governador abraça, em solenidades públicas, o chefe do clã, Joãozinho, atual superintendente regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Jó Pereira se veste, na Assembleia, de oposição. Deu certo. Em seus discursos, mede as palavras, emplaca a imagem de uma política moderna, mas sem abalar estruturas e, na prática, pisa nas duas canoas: a do governador e a do presidente da Câmara (e primo) Arthur Lira (PP).

Foi a favor, por exemplo, do corte de 14% dos aposentados e pensionistas que recebem a partir de 1 salário mínimo. Mudou, rapidamente, de lado, criticando o governador pelo desconto e por não devolver o dinheiro.

“Alertei em 2019, disse que era exagerado [o desconto], pedi para governo aprofundar os estudos, mas infelizmente a emenda não foi aprovada e o desconto veio. Por isso que, para ser coerente, votei favorável a emenda dos colegas, mesmo entendendo que a iniciativa não é dessa Casa, mas o governo pode e deveria ter encaminhado a devolução dos valores dos descontos efetuados”, explicou a parlamentar.

Na última sessão antes do recesso parlamentar, a deputada voltou à carga, agora contra os empréstimos adquiridos pelo Governo. Mas, ao invés de votar contra, se absteve. E deixou a sessão.

“Aqui em Alagoas, por exemplo, não conseguimos cruzar o impacto desses empréstimos com o déficit previdenciário, com os recursos necessários para manutenção dos novos hospitais, então, em razão disso, pelas matérias serem de grande interferência na vida dos alagoanos, hoje vou me abster e me sentir contemplada com a decisão da Casa”, explicou.

O marketing do morde e assopra dá resultados. Deputada estadual mais votada em 2018, ela aparece com 2,9% em pesquisa estimulada ao Senado, conforme levantamento realizado no início do mês pelo Instituto Paraná Pesquisas. Se uma candidatura ao Senado, neste momento, parece bem difícil, os movimentos para o Executivo estão bem adiantados.

“Não tenho nada definido. Faço parte de um grupo. Essa decisão não cabe só a mim”, disse.
O grupo de Jó é liderado pelo irmão, Joãozinho, que, por sua vez, é chefiado pelo primo, Arthur Lira. Joãozinho, ex deputado estadual e ex-prefeito de Teotônio Vilela, assumiu, em abril, a superintendência alagoana da Codevasf, a poderosa estatal controlada pelo centrão, de Lira, com bilhões em seu orçamento. Em Alagoas, a companhia tem convênios celebrados de R$ 11 bilhões e, destes, R$ 8 bilhões liberados apenas este ano. Somente em Maceió, os convênios celebrados somam R$ 7,8 bilhões e, liberados, R$ 6,1 bilhões.

Segundo declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2016, Joãozinho tem fortuna é de R$ 1,3 milhão.

A irmã Jó declarou R$ 614 mil, mas sua riqueza é bem maior. Apenas o apartamento, do qual ela é dona, no bairro da Consolação, em São Paulo, região bem valorizada, não é vendido por menos de R$ 850 mil, segundo pesquisa em sites de imobiliárias.

Irmão de Joãozinho e Jó, Fernando é secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que tem orçamento de R$ 47,1 milhões à disposição (R$ 43,1 milhões do fundo ambiental) e 58 servidores comissionados, ou seja, indicações políticas da família. Foi prefeito de Junqueiro duas vezes. Mudou o título eleitoral para São Miguel dos Campos mirando a Prefeitura mas perdeu as eleições ano passado. Desempregado, voltou a ser secretário no Governo. Sua fortuna é de R$ 1,8 milhão.
Peu Pereira é prefeito de Teotônio Vilela, primo “pobre” de Joãozinho. Sua fortuna, segundo declarou ao TSE, é resumida num carro valendo R$ 42,6 mil.

Dois tios também estão em prefeituras. Teófilo Pereira, de Craíbas, que declarou R$ 6,5 milhões ao TSE e multiaposentado Benedito de Lira, da Barra de São Miguel, pai de Arthur Lira e com bens declarados de R$ 1,6 milhão. Ele acumula três aposentadorias como servidor público em Alagoas.
Os Pereira fizeram fortuna com gado, plantação de fumo e na política. O pai de Joãozinho e Jó era João José Pereira, prefeito de Junqueiro 4 vezes. Morreu em 2010. Seu irmão era Adelmo Pereira ou Adelmo de Junqueiro, empresário e agropecuarista, pai de Teófilo Pereira. Morreu em 2016. Os irmãos João e Adelmo circulavam nos gabinetes de Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira, quando os dois eram os personagens mais poderosos de Alagoas na época da ditadura militar.

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