Mestre Artur Moraes conta a história do Guerreiro das Alagoas

Aos 86 anos, Artur Moraes reverencia o folguedo como ritual herdado de grandes mestres como João Inácio, Joana Gajuru e mestre Laurentino

Agência Alagoas

A voz sai com dificuldade, em função de problemas de saúde, mas a força de vontade e o sangue de guerreiro encorajam o mestre Artur Moraes a entoar um dos versos do Guerreiro das Alagoas, onde atuou por mais de 70 anos. “Ô minha Lira, a rainha primeira; encruza a perna, seja mais ligeira…”, canta o velho brincante, ao lembrar da Lira do guerreiro.

É assim ritmando que mestre Artur Moraes dos Santos, 86 anos, um dos mais novos selecionados como Patrimônio Vivo de Alagoas, conta um pouco da sua história dentro do guerreiro no Estado. E faz questão de se apresentar impecável, com a indumentária carregada de espelhos, miçangas, brilho, lantejoulas e muitas cores.

Seu Artur comandou por muitos anos o Guerreiro Santa Isabel, localizado no bairo de Chã da Jaqueira, em Maceió, fundado por Pedro Lins. Filho de Manuel Morais e de Antônia Francisca dos Santos, ele nasceu em 1925, em Fernão Velho, mas foi criado na cidade de Satuba. “Dos meus quinze irmãos que tive, só eu estou vivo”, lamenta o velho guerreiro.

O gosto de dançar guerreiro veio aos 10 anos no grupo do mestre Manoel Vicente, no distrito de Rio Novo, quando o velho povoado ainda se chamava Carrapato. Lá foi bandeirinha e depois brincou como embaixador.

“Brinquei com muito mestre bom, como Manoel Lourenço, João Inácio e muitos outros, todos já debaixo da terra”, registra, sem esquecer: “Com eles, aprendi muita coisa boa, mas foi no Pilar e em Maribondo que dancei com Joana Gajuru e mestre Laurentino, como mateu. Eles foram os que me fizeram mestre”, destaca mestre Artur.

Interrogado sobre como recebeu a homenagem de ser Patrimônio Vivo de Alagoas, seu Artur não titubeia: “É muito bom, né? É um reconhecimento”, comemora.

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