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Mentes fechadas pela fé

Nem sempre basta acreditar. Mas sempre precisaremos acionar nossos mecanismos de crença para vivermos em conformidade social, ligando princípios a atitudes.

Isso significa que está tudo bem? Significa que está tudo mal? Em verdade, o verdadeiro ponto de questão é o tempo que temos para superar essa ambígua interpretação, e permitir que os ventos da complexidade tragam outros sons e gemidos, porque considerar a dor é preciso.

Se existe uma honra em viver no tempo das instantaneidades e acessos imediatos a informações, também precisamos comungar abertamente com a vergonha de existirmos no dia e na hora exata de morticínios públicos, institucionalizados, tornados meras notícias manipuladas, sob o céu de chumbo das indiferenças.

Quando a morte humana se tornou mote de campanhas políticas, decrescemos na condição de espécie para a proximidade com os vermes.

E o silêncio do mundo transforma a história de um povo em cinzas e escombros, entre gritos de louvores e referências a uma divindade de guerras, sanguinária, capaz de sacrificar crianças para selar seu projeto de força ao povo escolhido.

Estamos neste pêndulo desumano, balançando o avanço da crueldade no globo, pelas vias das altas performances diplomáticas onde tudo cheira a dinheiro, e este se transformou no plasma da democracia, correndo pelas veias do sistema eleitoral através das artérias econômicas.

Mas o povo acredita.

Crê no eco comovido dos assépticos morais-religiosistas.

Segue os passos da fé cega, ambiciosa por moradas no paraíso.

Nega o amor. Impõe a dor.

Cultua a tradição sem questionar, sem duvidar, sem reelaborar sentidos. Fechando a mente à sensibilidade social, substitui referências de vitória e bençãos, por aquisições próprias das empresas da fé, títulos criados para acomodar o ego e fazer mirrar o espírito de evolução.

Já está provado que não basta acreditar, é preciso ter coragem de recusar matar!

Seja com armas, com ideologias ou apenas com silêncios.

 

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