Não conheço pessoalmente a Letícia Parks mas não preciso conhecer para identificar afinidade política e debate necessário, porque isto é maior do que aquilo que se dá em âmbito individual, é a própria plataforma da luta e do sonho coletivo.
Quando Letícia divulgou um vídeo explicando o que aconteceu ao criticar Djamila Ribeiro, e a live desta com Marcelo Freixo na qual foi chamada de “clarinha com turbante” e ameaçada com processo por ter atuado como militante negra marxista, percebemos de cá que a hora de mostrar a fragilidade do identitarismo liberal havia chegado.
Passei a acompanhar Letícia, e vi a foto de sua avó negra com forte teor de melanina, que segundo a própria neta lhe havia ensinado a usar o turbante.
Questionamos a que ponto fomos levados no país onde agora temos que postar as fotos dos nossos parentes negros com mais teor de melanina na pele para justificar adesão à luta antirracista, pois a mesma parece ter sido cooptada por um viés no qual a cor justifica tudo, como se o mais retinto fosse o ideal de militante, e só.
Onde o discurso da Letícia avança é exatamente o ponto que nos une: antirracismo e anticapitalismo! Este lugar de fala a Djamila não tem ocupado.
Não sou combatente da Djamila Ribeiro, mas não coaduno com o teor de sua fala oportuna ao liberalismo que camufla a luta de classes e reduz racismo a cor, como se outras variáveis não se cruzassem histórica e economicamente.
Letícia Parks fez uma postagem na qual expõe a negativa de Marcelo Freixo para uma live com ela sob a justificativa de não alimentar uma rivalidade, oferecendo (apenas) espaço em suas redes para que Letícia se manifeste.
Não sou do Rio de Janeiro, mas sou uma brasileira que já vibrou com a participação de Freixo no cenário eleitoral, e há algum tempo não curte suas tiradas estilo “Quebrando Tabu”, por isso não me surpreendo com este posicionamento, mas expresso repúdio!
Letícia Parks é uma militante negra marxista com atuação madura no território do debate, assim tenho interpretado sua militância e por esta razão expresso publicamente apoio e solidariedade, na esperança de acompanhar o crescimento do seu nome como perspectiva política.
Menos Djamila Ribeiro e Marcelo Freixo, e muito mais Letícia Parks!
