Manuscritos de João Cabral de Melo Neto vão ser leiloados

Sabe aquelas limpezas ocasionais para desencalhar as estantes e se livrar da papelada acumulada? Quando elas são feitas em casa de poeta – ao menos um da grandeza de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), também diplomata –, a “tralha” que aparece inclui cartas de gente como Manuel Bandeira (1886-1968), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

As informações são do Estado de Minas.

Esse material – que tem ainda bilhetes de artistas como Joan Miró (1893-1983) e Antoni Tàpies (1923-2012) e rascunhos de livros – estava com uma das filhas do poeta, Inez Cabral, que decidiu leiloá-lo, amanhã (11) e domingo, às 15h, na Babel Livros, no Rio de Janeiro.

“A Inez me disse que esses manuscritos estavam misturados com outras coisas em casa. Quando ela foi organizar tudo, achou essas cartas e combinou com os
irmãos que isso ia a leilão”, diz a agente literária Lucia Riff, que representa a obra de João Cabral.

O historiador e escritor Evaldo Cabral de Mello, irmão do poeta, apoiou a decisão: “Isso tem de sair da mão da família, senão acaba no lixo. No Brasil, papel tem de sair imediatamente e ser posto em instituição, porque,  senão, jogam fora. Espero que uma instituição compre, guarde e dê acesso a quem se interessar.”

No acervo a ser leiloado destaca-se um poema de  Vinicius “sem título e aparentemente inédito”, segundo os responsáveis pelo leilão. Ele está em um lote cujo lance inicial é R$ 600.

O conjunto mais volumoso e caro (preço inicial de R$ 1,2 mil) é o lote de 35 correspondências manuscritas por Drummond, no qual se destaca uma carta de 1984, em que o mineiro fala de sua reaproximação com o pernambucano, depois de anos de afastamento.

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