Mais bichos sob risco em zoo de Vitória de Santo Antão

~Foto:Marcelo Soares/JC Imagens

Jornal do Commercio

O destino do leão Ageu e do urso Bruno, que vivem em zoológico interditado há duas semanas, em Vitória de Santo Antão, a 53 quilômetros do Recife, não é o único problema que o Ibama terá que resolver.

Em vistoria realizada esta terça (2), técnicos do instituto constataram que os viveiros ocupados por outros 102 animais têm tamanho e ambientação inadequados.

“São menores do que exige a legislação. Além disso, não oferecem meios para os bichos se movimentarem”, diz o biólogo Edson Andrade. A equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) verificou, ainda, que o alimento não é disponibilizado de forma a estimular hábitos selvagens. “A comida é colocada no chão, mas às vezes o recomendado é que esteja em outros locais, como entre galhos, por exemplo.”

O zoológico foi fechado dia 19, por recomendação do Ministério Público Estadual. A promotora de Justiça de Vitória, Vera Rejane Mendonça, se recusou a falar com a reportagem do JC sobre os motivos da decisão.

No estabelecimento, administrado pela prefeitura de Vitória, há mamíferos, aves e répteis. O urso Bruno, desde 2005 no zoo, divide com o leão o status de maior animal do plantel, formado por 104 espécimes. O bicho apresenta perda de pelagem em várias partes do corpo.

O zoo do Recife receberá mais de 20 animais, mas não o urso e o leão. A diretora do Parque Dois Irmãos, que abriga o zoo, alega que há riscos de brigas e até de morte. “Temos um recinto com um leão e outro com um casal de ursos. Por medida de segurança, não podemos colocar mais machos lá”, afirma Silvana Silva.

O Parque Dois Irmãos concluiu a relação dos animais que receberá do zoo de Vitória. “Acolheremos a anta, a lhama, os avestruzes, o porco-do-mato, a seriema e o urubu-rei, entre outras espécies”, adianta Silvana. Três capivaras que também vivem no zoológico interditado devem ser transferidas para o Recife, mas provavelmente devem ser soltas na área de mata atlântica do parque, com 384,42 hectares, contígua ao zoo.

Outros bichos, como os tucanos e as araras, devem ser destinados à reintrodução na natureza, por Cetas do Ibama em Estados do Centro-Oeste e Norte do País.

Para a Associação Amigos Defensores dos Animais e do Meio Ambiente (Aadama), Maria Padilha, o zoológico não tem condições de voltar a funcionar. “Está do lado de uma comunidade. Crianças do entorno costumam entrar no lugar. É um risco para elas, pois pode haver um acidente.”, avalia.

Praticar maus-tratos, opina Maria Padilha, não é apenas atirar pedras aos animais. “O jacaré está obeso, assim como a leoa, que morreu depois de uma parada cardíaca por causa desse problema. Ele fica parado o tempo todo”, justifica.

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