Ícone do site Repórter Nordeste

Mães de Alagoas e tantas lágrimas

Sinto um silêncio profundo, escuro como as noites de sofrimento, e o vento cala, nada argumenta sobre a maternidade violada nesta terra de clamores sufocados!
A cada dia um novo começo, olhando para uma fotografia em algum canto da casa, o filho arrancado, o amor decantado cansado de não encontrar.
Mães de Alagoas, mães de tantas lágrimas.
Quem está nos deixando assim?
Se a droga mata tanto por que os filhos da elite sobrevivem?
Se a maldade estava entranhada em nossos filhos que sucumbiram, por que a tirania dos poderes não cessa?
A mentira racista, classista, sexista, não deve nos convencer.
A dor imensa e insuperável precisa ser exposta. A morte em vida não vai fomentar o destino novo para os que chegaram agora, para aqueles que virão.
Resistamos à sentença do silêncio. Vamos rugir de dor, gritar, rasgar o peito em sangue, e registrar nossa reação.
Cada jovem que cai de maneira violenta, é um fruto a menos em nossas perspectivas familiares. Mas não caem em todas as varandas. Aqueles que transitam nas zonas de conforto já estão justificados, e engrossam a fileira dos que acusam os que já nascem condenados.
Rasguem-se os véus e caiam os tabus execráveis.
Nada quero desta vida que não seja apenas Vida.
O direito de viver para todos e todas que nascem, ressaltando aqueles e aquelas que trazem na genética e no nascedouro geográfico as marcas das condenações socais.
Não é apenas a droga que mata por estas terras de insatisfações. A tirania muitas vezes veste o moralismo verde-amarelo e desforra as mágoas do colonialismo que não quer retroceder. Por aqui se mata para afirmar a força, o poder.
Meninos que nascem sob a ameaça de uma estatística, cedo confirmando a inclusão obituária, nesta terra sem justiça, sem inclusão social.
Aos ventos de agora espalho essa dor que arde, parte em mil o coração e ergue a mãe renascida do sangue derramado para a luta, mantendo um sorriso novo nos lábios, por saber que a continuidade da vida acredita em nós.

Sair da versão mobile