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Maceioense inicia vida sexual aos 15 anos‏, diz estudo da Ufal

Manuella Soares – Ascom/Ufal

Iniciar a vida sexual é um passo para muitas descobertas. Homens e mulheres se comportam de formas distintas a essa etapa. Pensando em traçar o perfil do maceioense no início da vida sexual e refletir sobre as questões de gênero que influenciam o comportamento nas decisões dessa fase, o grupo de pesquisa “Enfermagem, Saúde e Sociedade”, da Escola de Enfermagem e Farmácia da Universidade Federal de Alagoas, está coletando dados em 21 bairros, desde o ano passado. O público-alvo são casais com idade entre 20 e 49 anos, que vivem sob o mesmo teto e estabelecem algum tipo de relação afetiva estável.

A primeira fase do projeto “Gênero e Reprodução: comportamento sexual e reprodutivo na cidade de Maceió”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) já revela resultados parciais da vida pregressa dos voluntários. Seguindo a perspectiva nacional, os homens de Maceió iniciam a vida sexual mais precocemente do que as mulheres. A média de idade é de 15,5 anos para eles e 17,4 anos para elas. O estudo apontou ainda que a menor idade entre os homens foi de 11 anos, já as mulheres esperam mais pelo contato sexual: a maior idade registrada entre as entrevistadas foi 30 anos.

O estudo quis saber também qual era o tipo de relação do casal. Nesse quesito, a pesquisa revelou que os homens se envolvem menos afetivamente com a parceira. Eles relataram não ter tido relação afetiva ou qualquer tipo de sentimento quando iniciaram a vida sexual. Por outro lado, a maioria das mulheres afirmou que a primeira vez foi com o namorado ou num compromisso mais estável.

A mestranda Caroline Feliciano e a orientadora da pesquisa Ruth Trindade: hora de perder a virgindade é cada vez mais cedo

Um dado que preocupa os pesquisadores diz respeito às sensações constatadas no momento da perda da virgindade. O estudo mostra que os homens conseguem sentir mais prazer do que as mulheres: 23,7% contra 9%. Mas o mais agravante é que 41,4% das mulheres relataram ter sentido dor na primeira transa. “Isso é um ponto muito preocupante porque a primeira relação sexual pode refletir em toda a vida sexual de uma pessoa. E se a mulher sente dor pode achar que nunca vai poder ter prazer. Esse fato está ligado a algumas questões culturais, de desconhecimento do próprio corpo e de insegurança”, explicou a professora Ruth Trindade, orientadora da pesquisa.

Parceiros pressionam por prova de amor

A hora certa para perder a virgindade é um tema polêmico entre os casais, que divergem nas opiniões. As mulheres se mostraram mais cautelosas e 57% delas disseram que não pensavam muito no assunto, enquanto que 67,2% dos homens assumiram que esperavam com ansiedade pela primeira vez. Quando questionados sobre o motivo que os levou a iniciar a vida sexual, a maioria dos homens (77,4%) disse ter sido por curiosidade, tesão ou vontade de perder a virgindade. Já o motivo que predominou entre as respostas das mulheres (45,3%) foi o amor.

A cobrança também foi um fator questionado entre os participantes, destacando na pesquisa que 16,4% dos homens e 18% das mulheres afirmaram que se sentiram pressionados a ter a primeira transa. Desse montante, 61,9% dos homens disseram que a pressão partiu dos amigos. Já 91,3% das mulheres relataram que foram os próprios parceiros que pressionaram.

Informação ainda é tabu

A pesquisa da professora Ruth e da mestranda Caroline Feliciano fez uma grande abordagem para traçar o perfil do maceioense no início da vida sexual, contemplando informações a respeito, inclusive, dos métodos utilizados. Em relação à gravidez, 52,3% dos homens disseram ter começado a vida sexual sem nenhum tipo de informação. Já 64,1% das mulheres tiveram a preocupação de se informar antes sobre o assunto.

Mas um dos grandes problemas é que 70,3% dos homens e 58,6% das mulheres afirmaram não ter usado nenhum tipo de método contraceptivo na primeira relação sexual. Quando perguntando onde adquiriram as informações sobre sexo, a maioria dos homens disse ter sido com amigos; as mulheres mostraram que aprendem mais sobre o assunto na escola. “Esses resultados vão favorecer uma leitura mais correta da realidade em Maceió e podem servir de base para a elaboração de políticas populacionais e públicas de saúde”, ressaltou Caroline Feliciano, autora da pesquisa.

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