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Livres para morrer?

Neste Dia da Independência, refletimos na incompletude do termo, do sentido, da configuração, dessa proposta que antes de tudo, é política! Que sendo política, define vivências. Nossas histórias reais desenrolam o novelo do amor e da dor, nesse contexto onde o poder não reparte direitos, a opressão enfileira os condenados e a injustiça tem legitimado as exclusões: Brasil, Nordeste, Alagoas, Maceió…e as violências de cada dia!

A Câmara de Vereadores de Maceió, na caminhada rente à mortandade juvenil em nosso Estado, nos tem proporcionado espaços de análises e debates sobre a temática da violência.

O sociólogo Julio Jacobo, em sua participação na evolução desse projeto, nos trouxe, em acordo com o mapa da violência divulgado, informações e recortes que comprovam a exclusão e sua força de manutenção do nosso país no atraso societário, que nos afasta da real independência.

“A zona da mata nordestina, um polo de coronéis, aparece entre as zonas de letalidade nacional.”coronéis,

“No número de homicídios em Alagoas, para cada branco que morre, morrem 20 negros.”

“Morte de branco é notícia, morte de negro não é notícia.”

Essas frases configuram o nosso “apartheid” ?

Por que conservamos polos de letalidade? Não deveríamos ser regidos pela mesma Carta Magna ? A Justiça não deveria atuar imparcialmente? Não temos um arsenal imenso de Leis em defesa dos direitos humanos?

Negros são mortos aos montes, semanalmente. Perderam o direito a ter nome quando se tornam cadáveres. São designados na imprensa policialesca com “meliante”, “marginal”, “usuário”, “traficante” e similares. Nem a condição da espécie prevalece ante o preconceito mortal.

Onde está a nossa independência, quando somos pobres e miseráveis em um país que destribui sua riqueza entre castas fechadas e adota a corrupção como mola mestra de sua política nacional ?

Na alternativa da segurança privada, segundo Jacobo, “quem pode pagar é o branco de classe média para cima, e quem não pode pagar é o negro de classe média para baixo.”

“A taxa de mortalidade branca em Alagoas é a penúltima do Brasil. Seria um país de 1º mundo.”

O propalado discurso da drogadição não se confirma nas estatísticas do país, relativamente ao uso de drogas. Quando tivemos 50.000 homicídios ao ano e menos de 2% da população usuária.

Confirmada a intencionalidade perversa do discurso para legitimar o morticínio.

Para Julio Jacobo, essa construção no imaginário da sociedade é ” uma fantasia útil, que sustenta uma mitologia autojustificadora.”

Nosso Estado, através da mentalidade policialesca e discursos governamentais, continua reforçando essa falácia.

Jacobo encerrou sua fala questionando: “Quanto ainda temos que pagar para entrar na fase da civilização?”

“Nas sociedades européias, asiáticas em geral, a taxa de suicídios é maior que a de homicídios. Nossa taxa de suicídios é menos que 5%. Homicídio não é fatalidade.”

Assim, neste Dia da Independência, ressaltamos com essa leitura social dos homicídios que nos aterram a cada dia na indignação e na dor, que a dependência política, social, cultural e econômica da classe pobre brasileira, nordestina, alagoana e maceioense é a responsável direta pelas mortes que nos desonram diante do mundo.

 

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