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Lira e Renan: rusgas em Alagoas começam a aparecer no cenário nacional

Foto: Agência Câmara e Agência Senado

O avanço das investigações sobre os documentos e depoimentos coletados pela CPI da Covid vai expondo, cada vez mais, os lados divergentes na política e a briga por espaços de poder nos cenários alagoano e nacional entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o senador Renan Calheiros (MDB).

Ambos têm interesses confessáveis: Lira busca atrair Jair Bolsonaro ao PP e ter influência na indicação do vice presidente da República. Também quer a reeleição para deputado federal e mais dois anos como presidente da Câmara, além de devorar mais espaços e cargos na máquina pública federal.

Calheiros se apega à imagem do ex-presidente Lula, quer indicar seu vice (um dos cotados é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco), tenta emplacar a eleição do governador Renan Filho (MDB) na vaga hoje de Fernando Collor (PROS), com Lula sendo cabo eleitoral. Seu retorno aos holofotes nacionais, ao assumir a relatoria da CPI, rendeu espaços positivos nos maiores meios de comunicação e boa repercussão no mundo.

Apesar de alguns pontos de equilíbrio na tensa relação entre Calheiros e Lira, a semana termina com provocações dos dois lados e Renan pondo o dedo na ferida: o orçamento secreto (e bilionário) gerido por Lira.

“O presidente da Câmara dos Deputados, ele tem muita preocupação é com o que pode vir de investigação, sobretudo com o RP9, que são emendas secretas que ele coordena e isso vai causar, talvez, o maior escândalo do Brasil de todos os tempos”, disse o senador.

O poder das emendas é incrível: o presidente da Câmara destina dinheiro a redutos eleitorais de parlamentares usando critérios político-eleitorais. O Tribunal de Contas da União (TCU) questiona a gastança por entender que o modelo não é transparente e fere a Constituição.

A frase de Calheiros foi uma reação ao discurso de Lira em defesa de parlamentares indiciados pela comissão:

“Para o ilustre relator [da CPI], parlamentares se equiparam a pessoas comuns, e não autoridades. Ora, a longa evolução de dois institutos, imunidade parlamentar e CPI, seja no campo da história, seja na doutrina e legislação, nos leva ao entendimento que o parlamentar deve gozar da mais ampla liberdade de expressão”, disse Lira.

Lira e os Calheiros estão em palanques separados desde as eleições de 2018, quando o pai do presidente da Câmara, Benedito de Lira (PP), disputou e perdeu a reeleição ao Senado. A campanha anti-Renan gerou rusgas, troca de acusações e apelos à baixaria.

Hoje, porém, existem alguns movimentos de aproximação entre ambos, mas tímidos. Eles se uniram na eleição à presidência da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e dividem o poder através de um acordo: Hugo Wanderley, ligado aos Calheiros, é presidente da entidade que representa os prefeitos alagoanos pelos próximos dois anos. Rosiana Beltrão, do grupo lirista, assume a AMA por dois anos, logo após o mandato de Wanderley.

O relatório da CPI será encaminhado também ao procurador Geral da República, Augusto Aras, que, entre outras hipóteses, pode arquivar os pedidos apresentados pela comissão.

A OAB também pressiona a PGR. Quer que Jair Bolsonaro seja acusado de mortes na pandemia, causadas por negligência.

O relatório da CPI da Covid pede o indiciamento de 7 deputados: Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Ricardo Barros (PP-PR), Onyx Lorenzoni (DEM-RS) – que é deputado licenciado -, Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Osmar Terra (MBD-RS) e Carlos Jordy (PSL-RJ). As acusações: incitação ao crime por divulgarem fake news e incentivo ao desrespeito à medidas sanitárias.

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