O capitalismo nos arranca os olhos, deixando em seu lugar duas telas de visão limitada e fosca, incapazes de alcançar a vida para amá-la e defendê-la.
Tememos uns aos outros. Disputamos. Destruímos. Sem olhos de ver a plantação de discórdia que semeamos no cotidiano individualista que a mídia fecunda.
Assim, perdemos. Quando percebemos o vácuo e quando seguimos anestesiados, acreditando nas comemorações isoladas, perdemos.
A língua flamejante da massificação nos leva os valores de outrora e também a poesia amena de apenas ser; as elucubrações do ter exige roupagens próprias, mentiras compradas nas lojas do shopping, com as quais estão as senhas.
Ser aceito é questão de máxima importância, mas para isso, é preciso saber falar a língua de víbora desse tempo venal.
Liberdade foi confundida com o direito de morrer mais rápido.
Percebamos que nosso inimigo se enrosca no sistema iníquo, criador de Mamon e Moloc.
O outro é a nossa imagem e semelhança. Sua vida bebe as mesmas águas que as nossas. Quando estas estão poluídas enfermamos coletivamente, como agora, que a indiferença nos sufoca entre as vértebras de cada projeto de solidão.
Não sigo a procissão dos descrentes. Não endosso a voz da passividade. A justificativa da minha humana existência é escrever em linhas de verdade e luta essa saga de libertação a partir da alma. Apenas sendo.