BLOG

Leilão do saneamento despeja milhões de reais nas prefeituras alagoanas

As cidades alagoanas que, através dos seus prefeitos, decidiram participar do leilão dos blocos B e C, do programa de saneamento, vão receber uma bolada até o meio do ano que vem.

Isso porque, pelas regras do leilão destes blocos, 80% do valor da outorga vão ser divididos igualmente entre as cidades. Os 20% que sobram são partilhados proporcionalmente ao número de habitantes.

O melhor disso é que este dinheiro pode ser gasto como o prefeito ou prefeita quiserem. 2022 promete ser um ano de fartura nos municípios.

Pindoba, por exemplo, tem 2.905 habitantes. Vai receber R$ 5,5 milhões. União dos Palmares? R$ 56,1 milhões. As duas são do bloco C (litoral/zona da mata), o “mais barato” adquirido pelo Consórcio Mundaú, da empresa Cymi: R$ 430 milhões.

A jóia da Coroa ou o bloco mais valioso foi o B, que ficou com o Consórcio Alagoas, da empresa Allonda: R$ 1,215 bilhão. Palmeira dos Índios com seus 73.337 habitantes e administrada pelo prefeito-imperador Júlio Cezar (MDB), vai receber R$ 100,6 milhões. Jaramataia, com 5.761 habitantes, ganhará R$ 14,4 milhões.

Mas e se esse dinheiro fosse distribuído para o povo? Afinal, é justo. A conta de água vai ficar mais cara e sabemos quem vai pagar.

Se cada pessoa das 762.234 apenas do bloco B tivesse depositado em sua conta o valor repartido de R$ 1.215 bilhão, teria R$ 1.594,00.

No bloco C, seriam R$ 1.005,00.

A pandemia, o desemprego, o avanço da fome e da pobreza justificariam o depósito deste dinheiro a quem, de fato, é dono dele: o povo.

Mas, como dissemos, os prefeitos podem gastar este dinheiro como quiserem porque ele não é carimbado, não precisa ser aplicado em uma área determinada, exclusiva como saúde e educação. Daí que os prefeitos, para gastar esta dinheirama, vão contratar construtoras através de licitações nem sempre confiáveis porque beneficiam parentes, amigos, conhecidos, com valores superfaturados, obras malfeitas onde muita gente enriquece da noite para o dia. Menos o povo.

Daí a necessidade do Ministério Público investigar os caminhos do dinheiro. Isso, é claro, se ele for “provocado”. Quem se habilita?

SOBRE O AUTOR

..