Lava Jato, Moro e a conexão com os EUA ajudam a entender o golpe no Brasil

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, participa de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

O clássico golpe de Estado, com militares nas ruas invadindo palácios para exterminarem o fantasma comunista, mudou a narrativa no Brasil.

No Governo Bush, farejavam-se pessoas que pudessem evitar a ação antiterrorista de Brasília, “uma rede de especialistas locais, capazes de defender as posições americanas ‘sem parecerem joguetes’ de Washington”.

As aspas são do Le Monde que, neste domingo, fez longa reportagem mostrando como a Lava Jato recebeu apoio dos Estados Unidos para agir contra o PT, transformando Lula em inimigo a ser combatido a qualquer custo.

O escolhido foi Sérgio Moro que colaborava ativamente com as autoridades americanas no caso Banestado.

Ele aceitou convite para participar do Programa de Visitantes Internacionais do Departamento de Estado nos Estados Unidos, onde Moro faz vários contatos com o FBI e os departamentos de Justiça e de Estado.

Em 2009, o ex-juiz da Lava Jato participou de evento da Polícia Federal em Fortaleza. Evento que recebeu Karine Moreno-Taxman, procuradora americana especializada na luta contra a lavagem de dinheiro e o terrorismo.

“Em caso de corrupção, você deve sistematicamente e constantemente ir atrás do rei para derrubá-lo”

“Para que o Judiciário condene alguém por corrupção, é preciso que o povo odeie esta pessoa”.

Karine Moreno-Taxman é a autora destas frases. Quem era o rei? Lula, diz o Le Monde.

Em 2015, no governo Barack Obama, os Estados Unidos enviaram ao Brasil membros do FBI. Buscavam saber como estavam os procedimentos em andamento.

Isso foi em outubro. Em 2 de dezembro daquele ano, Eduardo Cunha, presidente da Câmara, aceitou denúncia de crime de responsabilidade contra Dilma, denúncia oferecida por Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal.

Naquele outubro de 2015, houve um acerto entre a força-tarefa da Lava Jato e as autoridades americanas.

E os acontecimentos foram se sucedendo:

  • 31 de agosto de 2016: Dilma sofre impeachment;
  • 7 de abril de 2018: Lula é preso;
  • 28 de abril de 2018: Bolsonaro é eleito;
  • 2 de janeiro de 2019: Sérgio Moro é empossado ministro da Justiça;
  • 18 de março de 2019: ele se reúne, junto com Bolsonaro e nos Estados Unidos, com o FBI;
  • 22 de junho de 2029: nova visita aos Estados Unidos, com agendada escondida;
  • 24 de abril de 2020: Moro deixa o ministério;
  • 1 de dezembro de 2020: o ex-ministro vira sócio-diretor da empresa norte-americana de consultoria Alvarez & Marsal.

O golpe americano dos Estados Unidos no Brasil era para tirar o PT do jogo.

E Moro, de herói, virou traidor.

E Bolsonaro? Um menino de recado de Washington.

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