Jornal: Em ascensão, Alagoas é exemplo para Sergipe quebrado e abandonado

Cinform/Sergipe

Enquanto os servidores estaduais sergipanos amargam salários atrasados e nem lembram mais a última vez que receberam um aumento, o funcionalismo alagoano vive outra realidade: ordenado em dia e com direito a reajuste. E as
bonanças não param por aí.

O Governo de Alagoas, comandado por Renan Filho (PMDB), anunciou em junho um reajuste de 6,29% na folha de pagamento dos servidores; abriu concurso público este ano para contratação de policias militares (1000
vagas), bombeiros (150 vagas); em breve, abrirá edital para contratar professores para escolas de tempo integral (800 vagas).

E tem mais: o Governo de Alagoas está construindo três hospitais; e instituiu, em dois anos, 35 escolas de tempo integral.

Hoje, o Estado ocupa o primeiro lugar em transparência pública no Brasil, de acordo com a Controladoria Geral da União e teve a maior redução da violência do País nos últimos anos.

CAPACIDADE DE INVESTIMENTO
Quem vê essa série de investimentos, claro, percebe logo que os alagoanos não passam por uma crise econômica severa como Sergipe amarga. Seria o caso, então, daqui pegar este exemplo “tão bom” para sair da ruína. “Alagoas pode ser exemplo para outros Estados. Já fomos motivo de algumas menções na imprensa nacional”, afirma o economista alagoano Fábio Guedes.

Doutor em Administração com ênfase em Instituições e Políticas Públicas, mestre em Economia Regional, Fábio fala com propriedade sobre os rumos que as finanças alagoanas tomaram. De acordo com ele, sem política de austeridade por austeridade, o Governo de lá, nos últimos anos, colocou em prática um quadro de recuperação fiscal com cortes de gastos, readquirindo a capacidade de investimento.

“Esse pacote de medidas não foi só pacote de austeridade fiscal com ajustes. Tiveram várias medidas que cortaram gordura, reviram uma série de contratos de elevado valor. Foram feitas reformas de vários dispositivos de arrecadação, como taxas de impostos”, explica Fábio.

FISCALIZAÇÃO
“Diminuiu-se a quantidade de contas bancárias que os órgãos do Estado tinham e se centralizou numa conta movimento única, que permitiu que o Governo pudesse negociar melhor taxas de aplicação com os bancos.

Criou-se aí receita extraordinária. Atuou-se também na fiscalização financeira”, relata Fábio.

Segundo o economista, a fiscalização da Fazenda começou de maneira educativa e depois passou a ter ações de punição, infrações. “Algumas taxas e impostos foram elevados porque estavam defasados com relação ao resto do País. Com isso tudo, a capacidade de investimento aumentou e, ao mesmo tempo, as Políticas Públicas se expandiram”, informa.

Para o Fábio, Alagoas passou a ser protagonista da sua economia, apesar de ter instrumentos bem menores que o Governo Federal. “Gira-se a roda da economia porque o Estado está fazendo investimento em estradas; furando poços;
construindo três hospitais, escolas de tempo integral; gerando emprego, renda, receita”, ressalta.

MAIS SOFRIMENTO
Consciente que daqui há um ano e quatro meses, os Governos Estaduais do Brasil passarão por mudanças, o economista
aconselha: “os próximos governadores podem se espelhar no exemplo de Alagoas para poder saltar dessa crise nacional que não está fácil, que penaliza”.

“Se os Estados não fizeram sua base, algo diferente do que o Governo Federal vem fazendo, que é um ajuste draconiano, com cortes de gastos com os Estados, e não recuperar sua capacidade de investimento, existe a possibilidade de sofrer bem mais do que já sofre”, avisa o economista.

Por fim, Fábio faz questão de deixar claro que os problemas estruturais ainda existem em Alagoas. “Há um nível de pobreza alto, apesar de ter diminuído na última década, em razão das políticas sociais. 78% da população
alagoana vive com até três salários mínimos. Mas ainda têm muitos pobres, miseráveis, analfabetos”, informa.

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