Jeferson Morais pode ser a 'zebra' da eleição‏

Menos dinheiro, menos apoio direto do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) e mais caminhadas nos grotões aumentam as chances do deputado estadual Jeferson Morais (DEM) de ser a “zebra” das eleições em Maceió.

Preferido pelo governador e os usineiros, o deputado federal Rui Palmeira (PSDB) mergulha na campanha gastando mais: meio milhão de reais. Jeferson é tratado como o “primo pobre” do Palácio República dos Palmares. Sua campanha gastou vinte vezes menos que o tucano: pouco mais de R$ 24.228,00. É o que ele disse ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na última segunda-feira (6) divulgou a receita e as despesas dos candidatos a prefeito.

“Jeferson Morais não é a zebra. E vamos ao segundo turno. A expectativa é saber quem vai comigo. Quem vier, eu traço. Adversário não tem bom. É adversário”, disse Morais, em caminhada na Chã de Bebedouro.

Ele despreza o título de ser o “Cicero Almeida 2”. É tratado como o “homem do Fique Alerta”- o programa da TV Pajuçara que o consagrou na área policialesca, com ataques aos “bandidos e marginais”, geralmente pobres.

Nas ruas, cita o nome do prefeito Cícero Almeida (PEN), mas sem ferir o homem que ainda tem votos nas áreas mais pobres da capital

“Eu cito o prefeito. Reconheço que o Almeida avançou, mas ainda há problemas”, disse.

No palanque, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) mira um inimigo que, para ele, é mais poderoso: Rui Palmeira. O tucano usa o silêncio como resposta aos ataques.

E Jeferson Morais- por enquanto, poupado por Lessa- corre por fora.

“Campanha sem ataque a ninguém. Só proposta. Ao contrário de qualquer um que faça ataques. Campanha de aperto de mão, carinho, atenção. Quero cuidar das pessoas, não quero atacar ninguém”, disse.

Mas, o xadrez eleitoral em Maceió promete acumular jogadas duras. E estratégias montadas pelos marqueteiros para evitar perda de pontos. Afinal, três candidatos pareiam os votos em Maceió: Rui, Lessa e Morais.

Para o ex-governador, Rui Palmeira é o alvo mais difícil. Tanto que o prefeito Cícero Almeida declarou ao EXTRA, durante caminhada de Lessa na sexta-feira (3), no Virgem dos Pobres, que o objetivo da campanha é encerrá-la no 1o turno.

Nesta caminhada, estavam os senadores Fernando Collor (PTB) e Renan Calheiros (PMDB).

“Não teremos os dois senadores em todas as caminhadas. Mas, quando todos nós estivermos juntos vamos mostrar este clima: tudo muito grande. Queremos resolver esta disputa no 1o turno”, disse Almeida.

E a campanha tenta mostrar tamanho. Os petistas pedem votos para Ronaldo Lessa- apesar dos candidatos a vereador o próprio partido espalhados pela caminhada. Políticos mais antigos infestam a campanha: os ex-vereadores Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, e sua inconfundível camisa vermelha; Arnaldo Fontan também é presença. Os deputados Jota Cavalcante (PDT), Dudu Holanda (PSD), Flávia Cavalcante (PMDB), o marido dela e sua poderosa máquina financeira, o delegado Kelman Vieira (PMDB)- candidato a vereador. Os deputados petistas Judson Cabral e Ronaldo Medeiros.

“Só que candidato é tudo assim, seu moço. Vem, chega aqui, aperta a minha mão que pode estar fedendo a bacalhau. Depois, entra no carro e limpa com álcool”, diz a eleitora, enquanto observa o arrastão passar pelas ruas do Virgem dos Pobres, já perto do final: um palanque montado em frente à igreja Virgem dos Pobres.

E no palanque, Lessa citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff, defendeu Collor e Renan – denunciados no passado por corrupção – e criticou a imprensa nacional na cobertura do mensalão, que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele comparou os réus do mensalão ao herói da Inconfidência Mineira, Tiradentes. “Na época ele era traidor. Depois, virou herói”, disse.

“Não quero ser juiz, não vou entrar neste mérito. Mas, todos sabem o que aconteceu em Minas Gerais”, disse Lessa, ao se referir ao “mensalão mineiro”.

Atacou o governador e Rui Palmeira. As críticas eram sobre o crescimento da violência. Em 10 anos, Alagoas saiu das últimas colocações para a primeira, de lugar mais violento do Brasil.

“O Rui está louco. Ou é mentiroso. Aprendeu com o chefe dele, o mentor”, disse, citando Teotonio Vilela Filho. “O presidente Lula, que trouxe o Bolsa Família, e a presidente Dilma, que trouxe a Bolsa Cegonha, apoiam o Ronaldo Lessa”, afirmou Collor, sob os gritos da multidão, citando ainda Frei Damião, religioso morto em 1997, em uma das áreas mais miseráveis de Maceió.

Uma grandeza de campanha contestada por Rui Palmeira.

“Orientação do Rui: não responder aos ataques. Nada de baixaria. O foco é ele, o candidato Rui, e não os outros. Campanha continua, sem alterações”, disse um dos integrantes do QG tucano.

Sabendo ser o alvo da fúria de Lessa, o parlamentar desconta as energias nos pés. Duas caminhadas por dia. Na última terça-feira, na Chã de Bebedouro e nas Piabas.

“Rui está sereno. Nada de respostas ao candidato Ronaldo Lessa. Só propostas, conversas com o eleitor, o contato”, disse o integrante.Ainda não há data para a entrada do governador na campanha de Rui.

Cenário diferente na campanha de Jeferson Morais: o vice governador José Thomáz Nonô (DEM) começa a aparecer, aos poucos, na disputa.


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