Jacarezinho nos mostra que bolsonarismo quer destino de Sodoma e Gomorra ao Brasil

24 horas separam o massacre na favela do Jacarezinho, no Rio, e a visita do presidente Jair Bolsonaro ao governador Cláudio Castro.

Castro, temente a Deus, cantor gospel e contra a ideologia de gênero, é chefe da polícia fluminense, que pôs em prática a pena de morte tão desejada por Bolsonaro e seguidores. Os 25 corpos são a senha para o ingresso do governador no clube onde os ritos e os instrumentos da democracia são deixados do lado de fora.

As regras de Talião estão em prática, apesar de termos um STF e ele ter proibido ações policiais na pandemia.

Os gestos grotescos do presidente, mais sua política populista e messiânica afinadas à extrema direita, mataram, até agora, 414 mil pessoas.

Parece pouco porque a crueldade, a psicopatia e a desumanidade são superadas a cada dia. Se os protestos nas ruas, em frente aos quarteis, repetindo uma autorização para um presidente da República rasgar as leis, passar por cima do Supremo e implantar uma ditadura nem abalam mais as nossas estruturas nervosas, talvez se soubermos que um dos 25 mortos do Jacarezinho foi sentado numa cadeira com a mão na boca, pela polícia, nos deixe assombrados.

Deboche mais abuso dos direitos humanos, que não ganha terreno nas áreas mais ricas.

Cláudio Castro tem uma indisfarçável disposição de seguir as pegadas de Bolsonaro; o presidente quer um sistema sem freios, uma guerra civil, um cavalo de pau num país destruído, uma economia parada, 14 milhões de desempregados, 38 milhões de informais, 6 milhões de desalentados e os especuladores financeiros abarrotando os bolsos de dinheiro e os bancos alcançados lucros recordes, com juros de agiotagem.

Não é à toa que o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, elogiou o caos político em El Salvador, onde Nayib Bukele virou um déspota. Um país com protestos abafados e religião de quartel são o sonho dos Bolsonaro. Não há programa melhor para este tipo de gente que o trator, o tanque e as bombas nas ruas, derrubando opositores um a um. Ou aos montes, como em Jacarezinho.

A questão agora é humanitária. Vemos a adesão ao ódio, aos cortes no SUS e na educação e uma polícia cheia de vontade de meter bala nos recalcitrantes. A pressão das armas não camufla o desejo desta gente. Bolsonaro virou Deus. Tem de ser temido e adorado. Se há pastores que oraram pela morte de Paulo Gustavo, imagine o que tantos outros não querem pôr em prática em nome deste ídolo.

O destino de Sodoma e Gomorra é uma meta ambiciosa desta política de escombros.

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