Repórter Nordeste

Irmã de delegado assassinado pelo neto quebra silêncio: ‘Não pode ficar solto’

miltoneneto
Avô e neto conversam na praia; ao fundo, a casa onde Milton seria assassinado pelo “Meu Cientista”, como chamava o neto

Pela primeira vez, os irmãos do delegado Milton Omena Farias- assassinado pelo neto em janeiro- resolveram falar. Foram duas horas de conversa com este repórter. A entrevista completa está no EXTRA, nas bancas.

Eles escolheram a mais velha dos 11 irmãos do delegado para a conversa: Maria Carmem Omena Mansur. Ao longo da entrevista, foram cinco interrupções para que ela enxugasse as lágrimas e retomasse a conversa.

“Ele não merecia morrer daquele jeito. Só queremos justiça. O assassino não pode ficar solto”.

Milton foi assassinado pelo neto, na casa de praia dele, no condomínio Porto di Mare, na cidade de Paripueira. Para a polícia civil, Milton Omena Farias Neto, 23 anos, matou o avô por ter certeza que ele havia matado a mãe dele, a jornalista Márcia Rodrigues Farias, com 49 anos.

Quem era o delegado aposentado da Polícia Federal? Para a ex-mulher dele, Maria do Carmo Rodrigues de Souza, era um sujeito frio, que a agredia todos os dias durante mais de 40 anos de relacionamento. Alguém que provocava medo.

Já a irmã do delegado diz que Milton era um homem dócil, adorava os netos, era fã de esportes radicais. E tinha uma história de sucesso profissional e fracasso familiar.

Era superintendente da Polícia Federal no Mato Grosso em 1985- o mais alto patamar profissional na carreira de um agente da PF. Naquele ano, em 9 de junho, o filho mais velho, Milton Omena Farias Júnior, perdeu o controle do carro e morreu em um acidente.

Sobrou Márcia.

32 anos depois, a jornalista apareceu morta na casa do delegado. Para a Polícia Civil, foi suicídio; a mãe de Márcia, Maria do Carmo, sustenta que o ex-marido matou a jornalista.

167 dias depois do crime, o neto de Milton matou o avô na mesma casa onde a mãe apareceu morta.

“Ele adorava os netos. O assassino era chamado por ele de “meu cientista”; a outra, “minha princesa”.

Veja trechos:

Repórter: Em coletiva, a ex-mulher disse que sofreu maus tratos do seu irmão durante 47 anos.

Dona Carmem: Nunca fui testemunha de nada. Eu te pergunto: como uma mulher sofre durante 47 anos ao lado de um homem que ela descreve como um monstro e nunca o denunciou para a polícia?

[O EXTRA perguntou ao advogado de Maria do Carmo, Leonardo de Moraes, se ela denunciou o ex-marido para a polícia, por causa dos maus tratos. Moraes disse que não]

Repórter: A paixão do seu irmão por moto era antiga?

Dona Carmem: Não, bem recente. Estava muito triste com tudo, de alguns anos para cá comprou uma moto. E fez uma volta ao mundo. Voltou um ano depois. Conheceu muitos amigos.

Repórter: Como era a relação com Márcia?

Dona Carmem: Semanas antes da Márcia cometer suicídio, ela se envolveu em um acidente de carro. Foi levada para o hospital de Matriz de Camaragibe. Foi um acidente estranho, meu irmão foi orientado a não pedir a perícia porque as circunstâncias não eram claras. Daí meu irmão descobriu que a Marcia estava frequentado o psiquiatra e tomando medicamentos.

Repórter: Como era a relação dele com Neto?

Dona Carmem: Fez tudo por ele, pagou tudo. As fotos que tenho mostram: era um homem que gostava da família.

Repórter: Como era o Milton, seu irmão?

Dona Carmem: Um homem que gostava de viver. Não merecia morrer deste jeito. No dia em que ele foi assassinado pelo Neto, ele estava cozinhando. Fazia doce. Era ótimo cozinheiro. O doce estava no fogo e o Milton estava com as mãos com um pouco de terra. Estava cuidando do jardim. Daí entrou o Neto na casa dele. Meu irmão não merecia morrer deste jeito.

(Entrevista completa no EXTRA, nas bancas)

 

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