Investidores precisam ter cautela com informações divulgadas por influenciadores digitais

Foto: Karolina Grabowska/Pexels

As redes sociais têm permitido um acesso fácil aos conteúdos do mercado de ações, assunto antes considerado distante da realidade do brasileiro desconectado com o universo dos investimentos. A linguagem leva, simples e sem complicação do ambiente virtual atrai cada vez mais novos interessados em aplicar no mercado financeiro.

O resultado da maior circulação de informações on-line sobre o assunto é o aumento significativo dos investimentos em ações na Bolsa de Valores (B3) brasileira, que registrou 1,5 milhão de novos investidores somente em 2020, segundo dados de uma pesquisa realizada pela instituição.

Um estudo da B3, que abrangeu 1.371 investidores que chegaram à Bolsa entre abril de 2019 e abril de 2020, mostra que 73% dos novos aplicadores buscam informação sobre o mercado de ações na internet, sendo que apenas 38% recorrem a e-mails recebidos por bancos, corretoras ou instituições financeiras para obter dados sobre o mundo dos investimentos.

A pesquisa também revela que a maior parte das decisões sobre investimentos são tomadas tendo como base a opinião de youtubers e influenciadores digitais, principais fontes de informação de 60% dos novos investidores.

Figuras como o bilionário Elon Musk, proprietário da Tesla, são verdadeiros influenciadores digitais do mercado de ações. Com apenas um tuíte, o megaempresário é capaz de movimentar especulações na bolsa sobre determinados ativos.

Em agosto de 2018, por exemplo, Musk afirmou que fecharia o capital de sua companhia caso as ações da Tesla atingissem US$ 420 cada uma, fazendo os papeis subirem 11% na ocasião. O valor ameaçador foi alcançado em dezembro do ano seguinte, sem sinal de mudança nas operações dos papeis da companhia na Bolsa de Valores. O caso levou os investidores a processarem Elon Musk.

CVM orienta cautela

Por mais que a linguagem acessível e a possibilidade de lucro alto da renda variável sejam sedutoras, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão responsável por fiscalizar os valores mobiliários no Brasil, alerta que é preciso cautela. Em virtude do crescimento da atuação dos influenciadores desse nicho, a autarquia tem monitorado o movimento e a comunicação nas redes sociais por parte de profissionais não autorizados a prestar serviços de análises financeiras.

A preocupação é de que análises de mercado feitas por pessoas não especializadas possam levar a movimentações artificiais da Bolsa de Valores, prejudicando a economia. De acordo com o alerta divulgado em janeiro pela CVM, “a atuação com o objetivo deliberado de influir no regular funcionamento do mercado pode caracterizar ilícitos administrativos e penais”.

Ao provocar a alta artificial de preços de determinada ação, causando prejuízos a terceiros ou atraindo benefícios próprios, o investidor ou o grupo de investidores estão realizando a chamada manipulação do mercado,  uma infração sujeita à punição prevista em lei.

Como se precaver

Além da ação da CVM, o consumidor pode buscar informações confiáveis sobre a Bolsa de Valores por meio de canais de educação financeira disponibilizados por instituições autorizadas. A própria B3 disponibiliza um hub de educação financeira para verificar e organizar os conteúdos educacionais dos principais players do mundo dos investimentos.

Lá é possível, por exemplo, encontrar instituições financeiras e formadores de opinião parceiros, além de cursos de finanças pessoais, investimentos etc. Os interessados podem acessar o conteúdo pelo site. A CVM também disponibiliza um canal para orientar investidores quanto às possíveis fraudes por meio do hotsite #SeLigaNaFraude.

Além de dar dicas sobre as principais armadilhas, o ambiente digital traz um glossário com os principais termos usados no universo de investimentos e um quiz para avaliar a probabilidade de o consumidor cair em golpes, entre outras informações.

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