Intervenção em escola é ditadura

Não à ditadura da Secretaria Estadual de Educação de Alagoas na Escola Eduardo da Mota Trigueiro

Ana Cláudia Laurindo- Cientista Social

Até que ponto Alagoas pode afirmar viver os tempos da democracia acompanhando a evolução do pensamento na garantia da liberdade e do respeito ao outro, quando gestores públicos utilizam as tais brechas na lei para penalizar os que lhes desagradam, como o processo de intervenção que transcorre na Escola Estadual Mota Trigueiro?

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Saberá o gestor-mor responsável por esse processo, quanto nos custou, enquanto sociedade alagoana, a implantação da Gestão Democrática na educação estadual? Eu sei, porque estava lá. Porque participei das discussões e fomentei com tantos outros militantes dessa nobre causa a gestação desta forma de gestão, um exercício inicial de democracia no amplo terreno dos vícios de mando, que ora retornam com força desde o ninho tucano até as salas de aula.

Uma escola dominada pelo poder institucional, varrendo como uma onda de devastação o que arduamente conquistamos. Gestão Democrática não existe mais na Mota Trigueiro. O legalismo ceifou os argumentos da comunidade escolar e tenta destituir um órgão colegiado da monta de um Conselho Escolar, por decreto. Onde está o Conselho Estadual de Educação neste momento? Em sua legitimidade legalista, estará assistindo o desmonte da Gestão Democrática na rede estadual de ensino de Alagoas?

Sinto a ausência de convocação pública do SINTEAL para discutir esse tsunami de ortodoxia que nos ameaça. A categoria precisa participar dessa luta, que deve ir para além do setor jurídico e ser transformada em luta política como resposta à truculência implantada.

Não é tempo de comodismo. Assumamos os instrumentos dos quais dispomos, principalmente os institucionais. Não é possível manter intocada a amizade com o poder. A relação deve ser de respeito, até enquanto seja possível. A hostilidade deve ser enfrentada com muito mais do que o silêncio. Os abusos devem ser confrontados em praça pública.

Aceitar uma intervenção numa escola onde gestores foram eleitos democraticamente, por motivos ligados ao fígado do gestor, é vergonhoso para todos nós alagoanos militantes da educação, pesquisadores e representantes institucionais dessa causa pública.

Quando perdermos até a força de olhar de frente a realidade não será possível educar mais ninguém, porque já teremos esquecido o sentido desse ato.

Se aqui existem educadores, pesquisadores e militantes comprometidos com a Educação alagoana, nos manifestemos! Essa história nos pertence, e o poder transitório de um gestor não tem mais força do que isso. Abracemos-nos como outrora diante do sonho freireano de educar para a liberdade, com pedagogia e autonomia!

Não à ditadura da Secretaria Estadual de Educação de Alagoas na Escola Eduardo da Mota Trigueiro.

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