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Inquisição de Ricardo Nezinho joga professores na fogueira

A reação de um exército em prontidão para defender a “Escola Livre” nos instiga a continuar analisando o pano de fundo desse cenário, que vai realçando perfis, intencionalidades e acima de tudo, revelando as frágeis ligações com a educação, movidos por um sectarismo de caráter religioso, a entrar em uma seara que não lhes pertence.

Como cientista social falo a Marx, e como educadora a Paulo Freire: eles não sabem o que fazem, são dignos de compreensão! Contudo, não podemos apoiar esse exército que não luta por melhores condições de ensino, garantindo estruturas adequadas e valorização da ação docente; não fala dos desvios de dinheiro da merenda, das escolas sem teto, do alto índice de analfabetismo… mas se preocupa tão somente com o intangível, a sublimar a realidade deficitária da educação alagoana, criando uma fogueira santa para punir professores.

Eis alguns comentários dirigidos ao último texto que postei em meu blog:

“Texto gigante mas nada que se aproveite. Uma revolta injustificavel diante de um projeto fundamental.estranho tamanho comportamento da escritora? Totalmente compreensivel. Por toda a vida, doutrinaram de forma desenfreada. Prejudicaram milhares de alunos com ideias marxistas, retrogradas e mentirosas. Virou um vicio talvez. O cenario do caos foi arquitetado e estava sendo bem executado. Porem, a sociedade acordou. Aleluia. E felizmente, atraves dos movimentos sociais, a igreja e outras entidades, com o apoio da assembleia legislatuva de Alagoas foi dado um grande passo para frear a malefica acao dos esquerdopatas na educacao alagoana. Sabemos que vao tentar burlar essa determinacao estadual, porem acabou a farra com a cabeca dos outros. Chega de doutrinacao de qualquer natureza nas escolas. Esse é o papel dos pais. Parabens a todos que participaram dessa grande iniciativa, especialmente ao deputado Ricardo Nezinho que abracou essa ideia.”

Como pode ser fundamental para a educação alagoana um projeto que anula toda a realidade e cria um campo de batalha nas nuvens?

A presença de “movimentos sociais”, “igrejas” na articulação com o deputado Ricardo Nezinho vai traçando o caminho eleitoreiro sobre um filão ávido por implantar o fundamentalismo, ou seja, em bom linguajar popular: a fome com a vontade de comer! Os docentes, como isca.

O termo “esquerdopata” tem sido muito utilizado nos últimos tempos pela direita ortodoxa, repetidora das baboseiras do Olavo, aquele que virou meme na rede social facebook, onde se diz: “mente vazia, oficina do Olavo!” Mas, vazia de quê? De conhecimento histórico, político, cultural, existencial. Assim como militam para tornar as mentes das próximas gerações.

“Em tempo: nota-se na reportagem que a jornalista esta mais preocupada em defender a unilateralidade do tema e da doutrinação em sala de aula, no caso, o seu fanatismo por Marx (que não gerou nada de bom até o presente momento na história da humanidade) a apoiar a possibilidade do contraditório….que a escola seja neutra, não dominada por uma só corrente do pensamento (como seria o desejo da autora).
No mais, o velho discurso de ódio contra os que pensam diferente dos esquerdopatas.
Volto a avisar: a sociedade agora esta atenta!”

Não sendo jornalista, mas apenas blogueira, pouco expus no texto anterior sobre minhas interações ideológicas com Marx, no entanto, uma simples alusão já foi suficiente para a categorização por parte dos caçadores de marxistas na educação. Creio que tais acirrados membros do exército da redenção escolar não leram ou não entenderam as explicações de Karl Marx sobre a organização da sociedade capitalista, dividida em detentores do capital e detentores da força de trabalho, gerando assim explorações e divisões, distinguindo os seres; bem ao modus operandi de algumas aglomerações fundamentalistas.

“Excelente o projeto do deputado Ricardo Nezinho!
A escola existe para que os professores ensinem o português, matemática, ciências, história e geografia, disciplinas que vão elevar o índice educacional do Estafo de Alagoas.
Ideologias, seja quais forem só irão tirar o foco e desqualificar o ensino. Quem presa por uma educação de verdade diz SIM ao Projeto Escola Livre.”

Estarão com medo da Filosofia, da Sociologia, das Artes? Subjetividade humana, raciocínio, reflexão, compreensão dos processos de dominação…Tais elementos sempre assustaram todos os perfis de opressores na história do mundo.

“Esse texto é uma ótima ferramenta didática para analisar o modus operandi do discurso do militante marxista. Vamos a ele:
No segundo parágrafo, a senhora Ana Cláudia afirma que “o projeto Escola livre tem o intuito perverso de atrapalhar o trabalho docente”. Fiquei ansioso para saber onde, em que é e como será perverso e atrapalhará o exercício da docência, mas claro que ela nos nega a informação, simplesmente porque ela não sabe.
Adiante, afirma que “Nós que estudamos e ensinamos, bem sabemos que a escola trabalha seu currículo oculto montado pela classe dominante em benefício dos interesses da manutenção do poder, portanto, jamais será livre de ideologia”. Mais uma vez continuo a leitura com a curiosidade de saber quem é a tal “classe dominante” que vive “montando currículo em benefício dos interesses da manutenção do poder”, mas de novo veio a “decepção”: o típico embuste marxista de novo não me respondeu.
Seria a tal “classe dominante” aquela que foi alçada ao poder há 13 anos sob o comando de uma revolução cultural devota de Paulo Freire, que, com a ajuda de panfleteiros marxistas travestidos de professores fez o “grande serviço” de destruir a educação pública no Brasil, ao ponto de elevá-la às últimas posições nas avaliações globais?
Onde está a preocupação da senhora Ana Cláudia neste sentido? Será a tal classe dominante a mesma que pretende modificar o currículo escolar, retirando do aluno a capacidade cognitiva, conhecimento básico dos aspectos históricos mais relevantes da história humana, afim de transformá-lo num “agente transformador social”?
O único ponto claro no seu texto é a grande preocupação que a lei a obrigue a falar a verdade em sala de aula quando o assunto é Karl Marx. Isso sim exigirá um esforço tremendo da senhora Ana Cláudia. Caso ela queira, eu empresto o meu “livro negro do comunismo” ou “Arquipélago Gulag” como material didático. Será que o patrão do partido vai deixar?”

A parte destacada mostra que para quem não quer, não adianta explicar! Por essa razão não estou escrevendo esse texto para o exército “doutrinado” para fiscalizar ideias marxistas…mas para você educador, que não está percebendo o que está sendo feito sobre a sua jornada de trabalho, porque não acompanha a fantástica Assembléia Legislativa de Alagoas, e seus legisladores mirabolantes, feitas as devidas exceções.

Já nos advertia Raul,  em seu “Metrô 743″para quem não acreditou:

” O prato mais caro do melhor banquete/ é
O que se come cabeça de gente
Que pensa/ e os canibais de cabeça descobrem aqueles que pensam/
Porque quem pensa, pensa melhor parado!”

Não sejamos surpreendidos sem reação, pois o exército leva muito a sério sua caça:

“Eu disse: Claro, pois não, mas o que é que eu fiz?/
Se é documento eu tenho aqui…/
Outro disse: Não interessa, pouco importa, fique aí!/
Eu quero saber o que você estava pensando/
Eu avalio o preço me baseando no nível mental
Que você anda por aí usando/
E aí eu lhe digo o preço que sua cabeça agora está custando”

Entidades comprometidas com a educação alagoana, cheguem junto! Esse descalabro não deve ficar no comezinho das brincadeiras eleitoreiras  alagoanas, pois investe diretamente sobre nós.

 

 

 

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