O impasse entre a justiça, sociedade alagoana e médicos legistas, não pode ser entendido sob a ótica única de nenhum dos envolvidos, pois que cada segmento tem sua verdade a defender, não contesto esse ponto.
Contudo, podemos analisar cada parte.
A justiça tem razão quando exige o cumprimento mínimo estipulado na lei de greve. O caos social gerado pela ausência absoluta de legistas no IML nos remete à barbárie.
Contudo, outros aspectos podem ser levado em conta pela mesma justiça, envolvendo inclusive representações feitas pelo Ministério Público, considerando responsabilidades públicas. Isso não precisa de pressão social, é fato, posto e declarado.
A sociedade chora e lamenta, debate-se na impotência… O momento das lides com a morte não pode ser definido, nem tão pouco orientado por quem esteja de expectador da dor alheia. Perder o ente já é demasiado sofrido. No entanto, esse caos está se arrastando há muito tempo, e a sociedade alagoana não assume seu papel, até ser vítima dele e sentir seus efeitos danosos.
Quanto aos legistas e seu sindicato, há que amadurecer a forma de fazer luta política!
Não será arrotando status de médico que se vai conseguir agregar a sociedade e entidades em torno da causa comum.
Primeiro assumir a identidade de entidade de classe, representante de uma categoria que assume (assim como outras!) funções essenciais em dado contexto social, e por isso, cria e recria instrumentos de luta, abrindo à participação das coletividades, de maneira planejada e politicamente posta, as lutas em benefício de todos os alagoanos que aqui consigam nascer, viver e morrer.
Quanto ao governo do Estado…
Só a autonomia política das entidades, sociedade civil organizada e demais poderes constituídos poderá distribuir responsabilidades com seriedade e vigor. Não é maduro utilizar discursos de acusação ao governo, sem antes rever as posições que tais segmentos tem adotado.
Enquanto isso…Quiçá as lágrimas possam ser secadas mais rápido, Alagoas ainda chora.