IBGE: somente 4,7% das ruas do Brasil possuem rampa de acessibilidade

A presença de rampas foi apenas uma das características urbanísticas observada

Correio Braziliense

A acessibilidade ainda engatinha no Brasil. Apenas 4,7% das ruas do país contam com rampa para cadeirantes, segundo o estudo Características urbanísticas do entorno dos municípios, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual é ainda pior quando observa-se municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, chegando a 2,1%. No caso de cidades com mais de 1 milhão de habitantes, o percentual sobe para 8,6%. Em todos os casos, no entanto, a proporção é considerada reduzida por especialistas.

“É um número muito baixo. Em ruas com um tráfego de médio a alto, a presença de rampas deveria ser obrigatória. Em uma cidade onde tem dificuldade para transitar, existe também a exclusão”, afirma o editor do portal Mobilize e coordenador do levantamento Calçadas do Brasil. Nenhuma cidade do país conta com 100% de acessibilidade. Entre os 15 municípios com mais de 1 milhão de habitantes, o Distrito Federal — que tem rampas em 16,5% do entorno dos domicílios —, se destaca, ficando atrás apenas de Porto Alegre (23,3%). O menor percentual é de Fortaleza, com 1,6% de acessibilidade.

A presença de rampas foi apenas uma das características urbanísticas observada. Além dela, o estudo contabilizou estruturas relacionadas à pavimentação, iluminação, arborização, lixo acumulado em vias públicas, entre outras . Em termos de infraestrutura urbana, o extremo positivo está na iluminação pública, presente em 96,3% dos municípios. Praticamente todas as características, no entanto, sofrem alterações de acordo com a região e variáveis como idade e renda.

A população com mais de 60 anos, por exemplo, vive em domicílios com melhores condições em todos os quesitos pesquisados, em discrepância em relação às crianças e adolescentes (população até 14 anos). Enquanto cerca de 75% dos mais jovens vivem em locais com pavimentação, o percentual sobe para 86,3% no caso dos idosos. “Nos domicílios onde existem mais jovens, a PEA [população economicamente ativa] costuma ser menor, com rendimento mais fracionado. Por outro lado, infere-se que a população mais idosa tem melhores condições de vida, um patrimônio maior”, explica a pesquisadora do IBGE Daléa Antunes.

O estudo apontou ainda que 1,3 milhão de pessoas vive em moradias inadequadas, ou seja, sem serviço de saneamento básico (rede geral de abastecimento de água, rede geral de esgoto ou fossa séptica e coleta de lixo). Entre as casas dessas pessoas, 26,9% estão expostas a esgoto a céu aberto e, 12,2%, a lixo acumulado.

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