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Horizonte Interrompido

Os setores populares representam a maioria da população em Maceió. Vivem, anos a fio, sobre a corda bamba da economia local que pouco apresenta alternativas para a melhoria da qualidade de vida.

No Centro da cidade e na comunidade do Jacintinho o povo divide o território de venda de mercadorias e serviços ao ar livre. Não há ingenuidade ou pouca força em nosso povo, há, de fato, a satisfação de movimentar uma economia popular que tem se colocado de maneira contundente nestes tempos de crise sem fim.

Logo, não é de se jogar fora a possibilidade de pensar em um modo ampliado de reaver, junto a povo, a capacidade de organização política.

A tendência geral dos partidos de esquerda locais é rebaixar o horizonte político a tentativas, muitas vezes infrutíferas, de chegar ao poder ao velho modo democrático-burguês sob a insígnia da concessão, de uma política de conciliação de classes onde os trabalhadores nunca ganham e se mantém degraus a baixo na representação política.

Enquanto isso, os espaços de poder são repartidos entre as famílias que carregam, na hereditariedade, manchas de ações indiscriminadas contra o povo.

Uma horda decadente de trabalhadores do setor público-administrativo vive a anos aderindo aos “benfazejos” ares da ordem burguesa local e ainda se regozijam, se achando especiais por incentivar o assistencialismo e políticas do “quero que o povo esteja bem, mas não melhor do que eu”.

São retratos da podridão da organização provinciana, aristocrática e decadente de Alagoas.

Os nomes dos políticos são seus próprios slogans, suas marcas. A incapacidade de pensar políticas públicas efetivas é o “easter-egg” do pacote marketeiro dos partidos das famílias tradicionais.

Não há novidade. Não há mudança. Então, o que há?

Há o cenário que se desenha no cotidiano das massas de trabalhadores pauperizados nos bairros pobres de Maceió. Pelas impossibilidades que a democracia burguesa lhes reservou, criou-se a naturalidade de um “lugar comum a todos os pobres”, a espera do milagre liberal e da oportunidade abençoada das vias santas da meritocracia.

É aqui que se aprofunda o aprisionamento na ideologia liberal-burguesa.

Afinal de contas, como Rosa Luxemburgo nos avisou: quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem.

De qual movimento queremos fazer parte? A que corrente tem servido a esquerda local?

Ao vencedor, as batatas.

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