Em uma sociedade que expõe cada vez mais seu etarismo, e convence multidões sobre a pertinência da eterna juventude como parâmetro de realização pessoal, uma forma inteligente de reação tem sido a criação de agrupamentos afins, no estilo de hobbies, realizando coisas por prazer, sem obrigações de cumprimentos ou retornos financeiros, por pessoas 40 +.
Em Alagoas existem alguns destes grupos atuando em perspectivas distintas, seja entre a escrita, leitura ou dança. A maior parte das pessoas participantes são mulheres na faixa etária acima dos 40 mas também encontramos jovens que se aproximam por afinidade e gosto cultural.
O resultado disso é mais saúde mental e “aumento do desejo de viver”, como revelou Lourdes Acioly Wanderlei após publicar seu primeiro livro aos 83 anos, ela é membro do Coletivo Mulheres que Escrevem.
A jornalista Olívia de Cássia de Cerqueira, que foi aposentada em decorrência da Síndrome de Machado-Joseph, se entregou à escrita de memórias e poemas como uma forma de ressignificar a própria história após o diagnóstico que mudou a sua vida, se tornando escritora na meia-idade.
Nos encontros presenciais, as mulheres trocam saberes, vivências e afeto, gerando um relacionamento qualificado pela essência cultural que permeia cada experiência.
Não há louvor ao consumismo, nem exigência de corpo perfeito, apenas sendo necessário abertura mental, emocional e mobilidade física para ir até o local do encontro.
Marina de Araújo Sampaio, que é uma das jovens participantes, é cega total, mas isso não impede que esteja presente, mostrando que estes grupos também se tornaram espaço de inclusão, onde ela aprende e ensina, resumindo o respeito que é cultivado.
Quem deseja participar somente precisa chegar junto nos momentos de encontros públicos, como o que está prestes a acontecer em Maceió, no próximo dia 31 de maio.
Basta se dirigir até o Palato Farol, no segundo andar, a partir das 15 h.
As participantes do Coletivo Mulheres que Escrevem recebem com muita acolhida aquelas que chegam. Homens interessados em literatura escrita por mulheres também são bem-vindos.
A manutenção de grupos assim é feita pela boa vontade de cada participante.
