Da decepção renasceu o amor, mas tinha uma roupagem nova!
Foi assim que muitos espíritas brasileiros participaram com efervescência do cenário político nacional tendo as eleições de 2018 como marco.
Explico: naquelas eleições sentíamos as consequências imediatas do golpe aplicado na democracia no ano de 2016, a prisão política de Lula, o bombardeio de notícias falsas e as ameaças letais de Jair Bolsonaro, totalmente ignoradas por grande parte de líderes espíritas, pois por mais que se neguem a existência de hierarquia, lá está, firme e personalista no meio – enquanto declaravam votos por Deus, pátria e família ao candidato que mostrava ter boca tão suja quanto sua essência voltada ao gozo da morte.
Foi necessário romper o silêncio. Foi maravilhoso descobrir pares e reagrupar estudos, diálogos, debates, em torno das perspectivas dos espíritos laicos, que levam em consideração necessidades humanas em caráter histórico, social, econômico, cultural, para encontrar a moral libertadora.
Entre outros coletivos, encontrei os Espíritas à Esquerda.
Participei do I Encontro Nacional Espíritas à Esquerda, em 26 de outubro de 2019, em Salvador, Bahia. Era meu aniversário.
Foi um presente especial, sem dúvida!
Não pertenço a nenhum agrupamento específico no meio espírita, embora tenha inúmeras afinidades com todos os progressistas. É sendo livre pensadora que sou fiel aos propósitos assumidos e consigo dialogar fraternalmente ou não, com pares e ímpares.
Mas temos que reconhecer o valor histórico que os núcleos progressistas agregam em evolução política.
O Espiritismo no Brasil ganhou contornos mais amplos e amadureceu as abordagens sobre justiça social sob a ótica kardecista.
Ainda existem muitas confusões sobre o papel dos Espíritas à Esquerda em um contexto que demoniza esquerdismo, por ignorância de uns e intencionalidades de outros. Porém, é inegável a importância de continuar agregando espíritos encarnados em torno do amor não religioso, mas, fraternal, humanitário, universal.
No atual momento político a manifestação dos espíritas pelo voto à esquerda tem definido posicionamento anti-fascista, em favor da vida e da liberdade de ser e existir.
Assim sendo, destaco essa história vivida como memória de alto valor, construída coletivamente.