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Histórias do papado

Frei Betto- Correio Braziliense

Sabemos quem é o novo papa. Francisco tomará posse oficial na terça-feira 19 de março, de modo a liberar os cardeais para retornarem a seus países a tempo de participarem das celebrações da Semana Santa e da Páscoa.
Teremos, agora, o 266º pontífice. Na lista sucessória oficial, iniciada pelo apóstolo Pedro, constam 263, já que Bento IX ocupou por três vezes o pontificado: eleito em 1032, depuseram-no por corrupção em 1044. Voltou em 1045 e abdicou meses depois, para retornar em 1047, até ser definitivamente derrubado em 1048.

Até o século IV, os papas eram eleitos por voto dos diáconos e dos padres de Roma. Assim como os fiéis das dioceses votavam na escolha de seus bispos. Evitava-se envolver os demais bispos nas questões internas da sé romana.

O pontificado mais curto da história foi o de Estêvão II, de apenas três dias. O mais longo, de São Pedro, 34 anos. Seguido por Pio IX, que dirigiu a Igreja por 32 anos. A média é de 8 anos — tempo de Bento XVI.

O período mais longo em que a Igreja esteve acéfala foi de três anos, sete meses e um dia, de outubro de 304 a maio de 308. Nove papas renunciaram ao cargo maximo: Clemente I (ano 88), Ponciano (235), Silvério (537), João XVIII (1009), Bento IX (1045), Gregório VI (1046), Celestino V (1294), Gregório XII (1415) e Bento XVI (2013).

A renúncia mais exemplar foi a de Celestino V. A demora do conclave levou o monge eremita Pedro Morrone a escrever aos cardeais, acusando-os de abusar da paciência do Espírito Santo. Tocados pela carta, os cardeais o elegeram. Coroado com o nome de Celestino V, em 1294, não suportou a politicagem eclesiástica e renunciou quatro meses depois. Na bula alegou fazê-lo para “salvar a minha saúde física e espiritual”. Retornou às montanhas e, mais tarde, foi canonizado.

Fechar o colégio cardinalício em conclave (= com chaves) teve início em 1274, quando o impasse durou dois anos e nove meses, em Viterbo. A população decidiu mantê-los a pão e água e destelhar o local. Por temerem a penúria e os rigores do frio, os cardeais aceleraram a decisão.

A eleição de papas por cardeais teve início em 1059. Cardeal vem de “cardo”, dobradiça de porta. É título de honra que o papa tem o direito de conceder a qualquer católico, como fez João Paulo II ao estender o chapéu cardinalício a dois teólogos europeus: o dominicano francês Yves Congar e o suíço Hans Urs von Balthazar. Havia também um cardeal in pectore, ou seja, conhecido apenas pelo coração do papa e por quem foi nomeado.

A Igreja tem, hoje, 209 cardeais em 48 países, dos quais 115 elegeram o novo papa, pois têm menos de 80 anos (dois outros eleitores abdicaram do direito de votar: o da Indonésia, por doença; o da Escócia, por admitir abusos sociais).

Paulo VI fixou em 120 o número máximo de cardeais presentes ao conclave. A eleição por 2/3 dos votos foi decidida por Alexandre III, em 1180, reformulada por João Paulo II (metade mais um) e de novo alterada por Bento XVI por 2/3.

Todo homem batizado na Igreja Católica é virtualmente candidato a papa. Se eleito, deve abandonar a família, abraçar o celibato e ser ordenado bispo. Gregório Magno, eleito em 590, era prefeito de Roma. O último papa não cardeal foi Gregório XI, eleito em 1370.

O primeiro papa a abdicar de seu nome de batismo para adotar um novo foi João II (533), que se chamava Mercúrio, considerado muito pagão para nome de pontífice. Nunca um papa adotou o nome de Pedro II nem dos evangelistas Mateus e Lucas.

O nome mais adotado é João (23 vezes), seguido por Gregório e por Bento (16), por Clementino (14), por Leão e Inocêncio (13), e por Pio (12). Dos 264 papas, 210 nasceram na Itália; 16, na França; 12, na Grécia; seis, na Alemanha; seis, na Síria; três, na Palestina; três, na Espanha; três, em países da África; e dois, em Portugal. Inglaterra, Holanda e Polônia, cada um, deu à Igreja um único papa.

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